Gilmar avalia o discurso de Bolsonaro no ato da Paulista

Durante uma manifestação no domingo, 25, o ex-presidente Jair Bolsonaro abordou as investigações da Polícia Federal que o apontam como figura central em uma suposta tentativa de golpe.

Bolsonaro levantou questionamentos sobre a aplicabilidade da Constituição para decretar estado de defesa, indagando se tal ação configuraria um golpe.

Ele enfatizou que compete ao Parlamento a decisão sobre a emissão de um decreto de estado de sítio.

Em resposta a perguntas sobre se suas declarações poderiam ser vistas como uma admissão, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, sugeriu em entrevista ao Estadão que as declarações do ex-mandatário pareciam confirmar seu conhecimento dos fatos, indicando uma transição de Bolsonaro de “possível autor intelectual para pretenso autor material” na tentativa de golpe.

Mendes destacou que os esforços de Bolsonaro para demonstrar apoio popular não alterariam as investigações em curso nem a percepção do STF.

“Temos esses dados e por isso talvez ele decidiu fazer esse movimento, para mostrar que tem apoio popular, que continua relevante na opinião pública. Isso não muda uma linha em relação às investigações, nem muda qualquer juízo ou entendimento do STF”, declarou.

Adicionalmente, Mendes criticou a proposta de anistia para os envolvidos nos atos de 8 de janeiro, defendida por Bolsonaro na manifestação.

O ministro afirmou que tal discussão era inapropriada, considerando a gravidade da ameaça à democracia. Ele lembrou que a Justiça já está aplicando penas mais leves para aqueles com menor participação nos eventos, com muitos já tendo sido liberados.

“Estamos falando da ameaça mais grave à democracia em todos esses anos pós-ditadura. Aqueles que tiveram participação menor no evento já foram consagrados com medidas muito mais leves. A maioria dessas pessoas foi liberada. Essa dosimetria a Justiça já está fazendo”, completou.

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