Bolsonaro quase confessa sua articulação na trama golpista

Em meio a investigações conduzidas pela Polícia Federal, o ex-presidente Jair Bolsonaro se encontrou em uma situação delicada durante uma entrevista à CNN Brasil, logo após solicitar ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva anistia para envolvidos em atos golpistas, incluindo a si próprio.

O pedido de anistia ocorreu um dia antes de Bolsonaro demonstrar dificuldades em responder a perguntas sobre a minuta golpista enquanto chegava ao Hospital Vila Nova Star, em São Paulo, para avaliar a necessidade de uma nova cirurgia relacionada ao atentado que sofreu em 2018.

Durante a entrevista, Bolsonaro se atrapalhou ao tentar explicar sua relação com documentos encontrados pelos investigadores que indicariam um plano para um golpe de Estado, mencionando a minuta do Artigo 142 da Constituição, que trata do papel das Forças Armadas, além de minutas do Estado de Defesa e do Estado de Sítio.

Ele negou ter acesso ao processo, apesar de o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), já ter liberado o acesso.

O ex-presidente tentou minimizar sua participação, destacando que tais medidas são dispositivos constitucionais e que o uso legal desses dispositivos não constituiria crime.

No entanto, sua resposta ambígua e tentativas de desviar o foco não dissiparam as suspeitas sobre sua possível articulação em uma tentativa de golpe.

“Bem… Segundo nota da imprensa tem minuta do Artigo 142, da Constituição. Minuta do Estado de Defesa, minuta do Estado de Sítio… A minha defesa não teve acesso ao processo. Nós não sabemos o que está lá”, disse.

“E… como eu disse. Um Estado de Sítio começa convocando os conselhos da República e da Defesa, incluindo autoridades políticas. Nada disso foi feito, sequer o primeiro passo foi dado. Agora deixo claro: são dispositivos constitucionais. Se um presidente da República estivesse pensado usar qualquer dispositivo, de forma legal, isso não é crime”, emendou, quase confessando sua participação ativa no golpismo.

Confira!

O que disse Lula?

Em resposta ao apelo de Bolsonaro por anistia, Lula destacou a importância do julgamento e do direito de defesa, enfatizando que Bolsonaro deverá ser investigado e julgado pelas ações cometidas durante seu mandato.

“Primeiro você vai ser julgado, você cometeu muita barbaridade. Você vai ser julgado, apreciado. Vai ter seu advogado de defesa. Eu só quero que você tenha a presunção de inocência que eu não tive. Quero que você tenha pra você dizer o que fez e o que não fez. É um direito seu, um direito da democracia. E é isso que eu garanto para o meu melhor amigo e para o meu pior inimigo: o direito de defesa pleno”, declarou Lula em entrevista ao jornalista Kennedy Alencar na RedeTV!.

Vale lembrar que Lula criticou a postura de Bolsonaro, descrevendo-o como covarde por não assumir suas ações e por tentar se esquivar das responsabilidades legais e políticas de seus atos.

“Está pedindo anistia? Você quer apagar a bobagem que fez? A bobagem é que ele se acovardou, pensou o golpe, não teve coragem. Foi embora para os EUA com antecedência, achando que ia acontecer [o golpe], que a sociedade iria sair todo mundo apavorado e ele ia voltar ungido pelas massas”, explicou o chefe de estado.

“E não foi isso o que aconteceu. O que aconteceu é que as instituições assumiram a responsabilidade pela democracia e você agora está em um processo de investigação”, completou.

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