Rio: Traficantes do Complexo da Penha estão na guerra pelo território da Zona Oeste

No início de 2024, a cidade do Rio de Janeiro está enfrentando disputas territoriais intensas entre traficantes de drogas e milicianos. Comunidades estratégicas da Zona Oeste têm sido palco dessa guerra, resultando em escaladas de violência.

Nesta quarta-feira, equipes do Batalhão de Operações Especiais (Bope) conduzem uma operação na Vila Cruzeiro, parte do Complexo da Penha, na Zona Norte do Rio.

Esta comunidade, sob o domínio da maior facção criminosa do estado do Rio de Janeiro, tem sido apontada como o ponto de partida para ataques e tentativas de tomada de controle de áreas dominadas pela milícia. A ação visa a prender criminosos que estariam coordenando esses ataques.

Um levantamento feito em setembro do ano passado pelo jornal O Globo apontou o aumento da disputa entre milicianos e traficantes, resultando em uma guerra na cidade do Rio de Janeiro.

Somente em janeiro deste ano, ocorreram invasões e tiroteios em pelo menos quatro regiões da Zona Oeste: Rio das Pedras, Muzema, Praça Seca e Gardênia Azul.

De acordo com a polícia, a facção criminosa Comando Vermelho tentou retomar o controle da Gardênia Azul após a entrada de milicianos na região. Confrontos durante a madrugada resultaram em duas mortes.

Em um incidente mais recente, sete homens que tentavam invadir a Gardênia Azul foram presos pelas equipes do Batalhão de Policiamento em Vias Expressas (BPVE) na madrugada da última terça-feira.

O grupo foi detido na Linha Amarela, na altura da Freguesia, em Jacarepaguá, na Zona Oeste. Com os suspeitos foram apreendidas quatro pistolas 9mm, 160 peças de munição do mesmo calibre, seis granadas, três telefones celulares, roupas camufladas e dois automóveis.

A polícia afirma que o grupo saiu da Vila Cruzeiro, na Zona Norte da cidade. A Vila Cruzeiro faz parte do Complexo da Penha, composto por 13 comunidades, incluindo Morro da Fé, Paz, Sereno, Caixa d’água, Caracol, Chatuba, Grotão, Parque Proletário, Merendiba, Quatro Bicas, Kelsons, Cidade Nova e Estradinha.

Em maio do ano passado, Leandro Siqueira de Assis, conhecido como Gargalhone e líder da milícia na Gardênia Azul, foi assassinado na Barra da Tijuca, na Zona Oeste.

Ele era considerado uma figura-chave no grupo de milicianos atuando na região.

A Praça Seca, em Jacarepaguá, também tem sido alvo de disputas constantes. Milicianos tentam retomar a Chacrinha, dominada pelo tráfico no início do ano passado.

Traficantes ligados a Edgar Alves de Andrade, conhecido como Doca da Penha ou Urso, têm sido atacados por milicianos aliados a Edmilson Gomes Menezes, o Macaquinho, e Leonardo Luccas Pereira, o Leléo, rivais de Zinho, que tentam retomar a região.

A Polícia Civil acredita que Doca da Penha tenha ordenado a ação de traficantes na Gardênia e em Rio das Pedras. Atualmente, ele é um dos principais nomes do Comando Vermelho.

O traficante tem Juan Breno Malta Ramos Rodrigues, conhecido como BMW, como homem de confiança, e este supostamente lidera a nova guerra entre traficantes e milicianos nessas duas comunidades.

BMW é procurado pela polícia desde que três médicos foram executados em um quiosque na Barra da Tijuca, em outubro do ano passado.

Em agosto do ano passado, uma operação no Complexo da Penha resultou em 10 mortes e cinco feridos.

A polícia informou na época que o objetivo da ação era capturar criminosos que participavam de uma reunião na localidade conhecida como Vacaria, onde estariam planejando invasões a territórios controlados por grupos rivais.

A participação de líderes de grupos criminosos foi detectada por meio de monitoramento do Setor de Inteligência da PM.

Durante a operação, foram identificados alguns dos mortos como Carlos Alberto Marques Toledo, conhecido como Fiel, e Cláudio Henrique da Silva Brandão, conhecido como Do leme, ambos procurados pela polícia.

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