Reforço de peso: Lula defende redução de jornada para comerciários

No lançamento do projeto para regulamentar a profissão dos motoristas de aplicativos, o presidente Lula disse ser favorável à criação de uma jornada diferenciada para os trabalhadores do comércio nos finais de semana. Pensamento alinhado com o que defende o movimento sindical.

Para o presidente, não é o caso de proibir o funcionamento do comércio aos domingos, considerando que grande parte dos brasileiros só dispõe deste dia para ir às compras. A saída passa por uma jornada mais justa, para que os comerciários consigam equilibrar melhor o trabalho com as demais atividades da vida, seja o descanso, o lazer, a fé ou a busca por conhecimento.

O Sindicato faz ampla campanha pelo fim da escala 6×1, pois uma folga por semana não é o suficiente para que as pessoas consigam cuidar da saúde física e mental, recuperando-se do estresse e da fadiga causados por jornadas excessivas. Uma petição pública apoiada pela entidade recebeu quase 700 mil assinaturas favoráveis à redução da jornada de trabalho sem redução de salários.

“Em todos os lugares temos conquistado um forte apoio dos trabalhadores, em especial do comércio, mas também de outras categorias que sofrem com a escala 6×1. Já estivemos com o ministro do Trabalho, Luiz Marinho, para apresentar nossa proposta. A declaração do presidente Lula vai ao encontro do que temos debatido. Esse é um tema urgente e que deve ser discutido por todos – empresários, governo e trabalhadores”, afirma Márcio Ayer, presidente do Sindicato dos Comerciários.

A última redução legal da jornada de trabalho no Brasil aconteceu há 36 anos, na promulgação da Constituição de 1988, que encurtou de 48 para 44 horas o limite de horas trabalhadas semanais. Desde então, o mundo do trabalho passou por muitas transformações, que tornaram perfeitamente possível uma redução ainda sem a necessidade de reduzir salários.

Com os avanços tecnológicos, a maior parte das tarefas repetitivas foi automatizada. A adoção cada vez maior do trabalho remoto e a flexibilização dos horários mostra que em algumas atividades é possível trabalhar de maneira até mais eficiente do que no ambiente de trabalho tradicional. O surgimento de novos modelos de negócio também têm demonstrado que dá para reduzir a jornada sem comprometer a competitividade das empresas.

A redução também aumenta a produtividade. Estudos mostram que, quando estão mais descansadas, as pessoas ficam mais motivadas durante o tempo em que estão no trabalho. Além disso, a redução da jornada também ajuda a diminuir doenças que acarretam o afastamento do serviço.

Ao reduzir a jornada, as empresas podem precisar contratar mais funcionários, contribuindo para a redução das taxas de desemprego. Com mais pessoas empregadas e melhores condições de trabalho, há um impacto positivo na economia como um todo, com aumento do consumo, melhoria generalizada da qualidade de vida e da distribuição de renda.

Defendida desde sempre pelo movimento sindical, a proposta já foi adotada por várias empresas da Europa, onde diferentes países discutem a redução da jornada por meio de lei, entre eles França, Alemanha, Espanha e Dinamarca. Saudamos a manifestação favorável feita por Lula, de quem vamos cobrar apoio para a garantia dessa conquista para os trabalhadores do Brasil.

Foto: Agência Brasil

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