Governador Cláudio Castro anuncia “grande ação” contra o crime no Rio de Janeiro
O governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, anunciou na última sexta-feira a preparação de uma “grande ação” destinada a combater o crime em diferentes pontos da cidade, com foco especial no Complexo da Maré, localizado na Zona Norte do Rio. O anúncio ocorreu após a divulgação de informações sobre um centro de treinamento de criminosos na Maré e um ataque com bomba a um ônibus na Avenida Brasil, ambos ocorridos na mesma semana.
No entanto, o governador não forneceu detalhes sobre o início da operação ou as localidades específicas que serão alvo dessa ação. Ele enfatizou que a tecnologia será um elemento chave para melhorar a segurança pública no estado.
O governador mencionou que o Rio de Janeiro se tornou um refúgio para criminosos de outros estados devido a uma interpretação equivocada da ADPF (Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental) 635. Essa interpretação errônea levou a um aumento da criminalidade na cidade.
Além disso, Cláudio Castro anunciou a formação de um comitê permanente de inteligência que envolverá diversas forças de segurança, incluindo a Polícia Militar, Polícia Civil, Polícia Rodoviária Federal, Polícia Federal e a Força Nacional, formando assim a Força Integrada de Combate ao Crime (Fico). Esse comitê visará identificar as melhores estratégias a serem adotadas no combate ao crime.
O governador ressaltou que não haverá distinção entre diferentes níveis de criminosos, afirmando que todos serão alvo das ações de segurança. Os anúncios foram feitos após uma reunião entre o governador e o secretário-executivo do Ministério da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Cappelli, no Palácio Guanabara.
Em relação à operação planejada para o Complexo da Maré, Cláudio Castro explicou que não envolverá ocupação, mas sim incursões e o uso da tecnologia para combater as atividades criminosas. O governador também confirmou o pedido de apoio à Força Nacional para reforçar a segurança pública no Rio de Janeiro.
Ricardo Cappelli reforçou a importância de atuar com inteligência, de forma cirúrgica e com o mínimo de efeito colateral possível. Ele destacou que o trabalho não busca criar espetáculos, mas sim garantir resultados eficazes e duradouros. Essas ações também envolverão a participação do Ministério Público e do Judiciário, demonstrando que o enfrentamento ao crime é um desafio que envolve toda a sociedade brasileira.
Sobre as imagens que revelaram o treinamento de criminosos na Maré, o governador Castro as considerou um avanço na compreensão da complexidade da segurança pública. Ele destacou que essas imagens mostram a realidade da dificuldade em garantir a segurança em algumas áreas da cidade, enfatizando que os criminosos são altamente perigosos e não hesitam em usar táticas violentas, incluindo o uso de crianças como escudos humanos.
Cappelli enfatizou que o apoio ao Rio de Janeiro será harmônico e integrado, destacando a necessidade de uma união mais efetiva do poder público. O ministro da Justiça, Flávio Dino, lançará o Programa Nacional de Enfrentamento às Organizações Criminosas na próxima segunda-feira como parte dessas ações.
Além disso, o governador ressaltou que a Força Nacional passa por treinamento padrão em Brasília, mas as incursões e operações serão lideradas pelas forças estaduais, com os agentes federais atuando na retaguarda.
A reunião que resultou nesses anúncios ocorreu após a divulgação de uma investigação da Polícia Civil que revelou o treinamento de traficantes no Complexo da Maré e após episódios de violência em diferentes municípios do estado, incluindo um ataque com bomba a um ônibus na Avenida Brasil e ataques em Duque de Caxias.
O governo federal também anunciou o envio da Força Nacional de Segurança para combater o tráfico no conjunto de favelas da Maré, considerando ainda a possibilidade de acionar a Marinha do Brasil devido à localização da comunidade às margens da Baía de Guanabara. Outra medida do pacote de segurança inclui o patrulhamento ostensivo da Polícia Rodoviária Federal para combater arrastões e roubos de cargas.
A investigação da Polícia Civil, que durou dois anos, revelou a atuação de grupos criminosos, incluindo o tráfico e a milícia, que disputam o controle de territórios na região. O levantamento incluiu centenas de horas de imagens capturadas por drones e mostrou instrutores treinando grupos de homens armados com fuzis táticos para operações de ataque e defesa.
Esses treinamentos ocorriam em áreas que deveriam ser destinadas ao lazer da comunidade, como quadras de futebol com piscinas, próximas a creches e escolas municipais. Esses locais estavam sendo usados exclusivamente pelos criminosos.
Essa área de treinamento está próxima das principais vias expressas da cidade, como a Avenida Brasil, a Linha Amarela e a Linha Vermelha, o que torna a situação ainda mais complexa.
O ataque com bomba a um ônibus na Avenida Brasil deixou três pessoas feridas e causou grande impacto na população, sendo descrito pelo motorista do ônibus como uma “cena de guerra”.
O governo federal tem histórico de intervenções no Rio de Janeiro em momentos de crises e situações de segurança pública desafiadoras. Desde a década de 1990, as forças federais têm sido acionadas diversas vezes para apoiar a segurança no estado, incluindo a ocupação de favelas e ações de combate ao tráfico de drogas.