Esquerda carioca lança manifesto contra milícia na política do Rio
O objetivo é impedir a eleição de representantes da milícia na eleição municipal desse ano
Partidos e organizações da sociedade civil carioca lançaram nesta quinta-feira (28/03) o Manifesto “Com milícia, não tem jogo!“. Assinado por partidos como PCdoB, PSOL, PT e PDT o documento diz que “não é possível compactuar com práticas milicianas nem conviver com lideranças que fortalecem o poder opressor desses grupos criminosos”.
O pano de fundo do documento é a descoberta de que os mandantes do assassinato de Marielle Franco ocupavam estruturas como a secretaria na prefeitura do Rio, a chefia da Polícia Civil no governo do estado e o conselho do Tribunal de Contas do Estado (TCE).
“Marielle Franco nos deixou dois legados. O primeiro foi a ascensão de mulheres negras, da classe trabalhadora, na política. Tenho certeza de que o seu segundo legado será o fim da estrutura de poder miliciana que hoje organiza a política no Rio”, sustentou a deputada Dani Balbi (PCdoB), apoiadora do manifesto.
Leia abaixo a íntegra do Manifesto:
Com milícia, não tem jogo!
A prisão dos mandantes do assassinato de Marielle Franco e Anderson Gomes escancarou algo que os moradores do Rio de Janeiro conhecem há muito tempo: existe um ecossistema criminoso que atua dentro do aparelho de Estado para garantir o domínio de grupos armados na cidade. São grupos que lucram com a exploração da pobreza construída a partir da histórica omissão do poder público em garantir direitos.
É preciso romper com esse ciclo. É preciso enfrentar esse marco de poder e refundar o Rio de Janeiro sobre bases democráticas e socialmente justas.
Não é possível compactuar com práticas milicianas nem conviver com lideranças que fortalecem o poder opressor desses grupos criminosos. Não podemos naturalizar que notórios milicianos sigam ocupando lugares de poder em tribunais de conta, parlamentos ou secretarias. Chega!
O grito de justiça por Marielle e Anderson não se esgota na prisão de seus algozes. É preciso enfrentar a estrutura política que tornou possível o assassinato e, por muito pouco, não acobertou os assassinos.
Esse manifesto se propõe a juntar todo mundo que sabe que não há justiça sem direitos e que com milícia não tem jogo.