Edson Santos: desafios globais da mobilidade urbana e a situação crítica do Rio

Por Edson Santos, vereador (PT, cidade do Rio de Janeiro)

A mobilidade urbana é uma questão crítica que aflige todas as grandes cidades do mundo. De São Paulo a Xangai, de Nova York a Berlim, os desafios se apresentam de formas distintas, mas com um elemento comum – o impacto direto na qualidade de vida dos cidadãos e na economia das metrópoles.

No cenário brasileiro, o Rio de Janeiro é emblemático nesse aspecto, especialmente quando voltamos o olhar para a Zona Oeste da cidade.

Na metrópole carioca, lar de 6,7 milhões de pessoas, apenas 9% utiliza o metrô diariamente. Na Zona Oeste, uma região densamente povoada e carente de transporte público eficiente, o índice é ainda mais baixo. Aqui, o tempo de deslocamento para o trabalho pode chegar a 2 horas. Essa situação contrasta acentuadamente com a Zona Sul, onde 20% da população utiliza o metrô. Em decorrência de melhor oferta de transporte público, o tempo gasto pelo morador da zona sul para chegar ao trabalho é menos da metade, em média, daquele consumido por quem mora na zona oeste.

Em São Paulo, com 12,3 milhões de habitantes, o metrô é usado por 32%. Nova York, com uma população de 8,4 milhões, tem 65% de sua população utilizando o metrô diariamente. Paris e Londres, apesar das diferentes densidades populacionais, apresentam índices de uso do metrô de 200% (percentual maior que a população em virtude do alto número de turistas) e 44%, respectivamente. Berlim e Xangai apresentam índices semelhantes, com 40% e 41% de seus habitantes usando o metrô todos os dias.

Os congestionamentos na capital carioca geram perdas anuais de cerca de R$28,5 bilhões de reais. O impacto econômico dos congestionamentos é avassalador em todas grandes cidades. São Paulo estima perdas anuais de cerca de R$38 bilhões, Nova York sofre com um prejuízo de R$100 bilhões e Xangai enfrenta perdas anuais de aproximadamente R$31 bilhões. Valores dessa magnitude explicam porque os países mais organizados e desenvolvidos fazem investimentos tão volumosos em transporte sobre trilhos.

Seoul começou a construir o seu metrô em 1974, apenas cinco antes do Rio de Janeiro inaugurar sua primeira estação. Hoje, no entanto, a capital coreana tem 1,1 mil km de metrô e 717 estações e o Rio apenas 58 km de metrô e 41 estações… Em Seoul, há 8,6 mil habitantes para cada quilômetro de metrô, contra 115 mil habitantes por km no Rio de Janeiro.

Para discutir essas questões e buscar soluções, eu, vereador Edson Santos (PT-RJ), presidente de uma comissão na Câmara dos Vereadores do Rio que discute mobilidade urbana, oranizei um debate no dia 2 de junho. Participaram do debate Achilles Almeida, Secretário Municipal de Integração Metropolitana, e Rômulo Orrico, pesquisador da COPPE/UFRJ. Um dos pontos discutidos foi a possibilidade de transformar os corredores de BRT em linhas de VLT, uma alternativa que pode trazer melhorias significativas para a mobilidade na Zona Oeste. Um projeto audacioso de modernização dos trens que operam pela Central do Brasil é outra demanda histórica daqueles que defendem mais investimento no transporte sobre trilhos.

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