PRG associa planejamento de golpe de estado a atos terroristas de 8/1em Brasília

O Procurador-Geral da República, Paulo Gonet, apresentou uma manifestação ao Supremo Tribunal Federal (STF), na qual pela primeira vez relacionou diretamente o planejamento de um golpe de Estado por aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) com os atos terroristas de 8 de Janeiro, que culminaram na invasão e vandalismo das sedes dos três Poderes em Brasília.

Segundo a manifestação de Gonet, os elementos recolhidos na investigação demonstram que a organização criminosa envolvida foi crucial para a eclosão dos atos depredatórios.

Este relatório foi encaminhado ao STF em junho, conforme reportagem do jornalista Aguirre Talento, do UOL.

A defesa dos investigados sustenta que a mera discussão de um plano para convocar novas eleições não constitui um crime, pois este não foi implementado e não teria ligação com os eventos de Janeiro.

Adicionalmente, Gonet apontou a possibilidade de os envolvidos serem responsabilizados para ressarcir o erário público em até R$ 26 milhões, valor estimado dos danos ao patrimônio público.

A Polícia Federal está prevista para concluir o inquérito até o final do ano, momento no qual Gonet decidirá sobre a apresentação de uma denúncia formal ao STF.

As investigações indicam que Bolsonaro discutiu a elaboração de um plano golpista com comandantes das Forças Armadas após sua derrota nas urnas para o então candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT), numa tentativa de se manter no poder.

Alega-se que o plano golpista contou com a participação de auxiliares civis, ministros de Estado e militares. O relatório final da Polícia Federal deverá detalhar o papel de cada envolvido no suposto golpe.

A manifestação de Gonet foi também uma resposta a um pedido de Valdemar Costa Neto, presidente do PL, que solicitou a revogação de medidas cautelares e a devolução de R$ 53 mil e três relógios de luxo apreendidos em sua residência.

Gonet, no entanto, opôs-se à devolução, argumentando que os bens apreendidos poderiam ser utilizados para compensar os prejuízos causados aos cofres públicos.

Gonet detalhou os danos financeiros: R$ 3,5 milhões ao Senado, R$ 2,7 milhões à Câmara dos Deputados, mais de R$ 9 milhões ao Palácio do Planalto e R$ 11,4 milhões ao STF.

O ministro do STF, Alexandre de Moraes, indeferiu os pedidos da defesa de Costa Neto, que, por sua vez, expressou confiança de que, ao final das investigações, a inocência de seu cliente será reconhecida.

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