Polícia desmonta quadrilha que aterrorizava ruas do Rio

A quadrilha usava motos para agir e fugir rapidamente, enquanto comparsas recebiam dados das vítimas em tempo real para esvaziar contas


A Polícia Civil deflagrou, na manhã desta quarta-feira (19), uma operação para desarticular uma quadrilha especializada em roubos cometidos com o uso de motocicletas — crimes que se tornaram rotina especialmente na Zona Sul do Rio e, mais recentemente, também nos bairros da Grande Tijuca. De acordo com as investigações conduzidas pela 15ª DP (Gávea), o grupo atuava de forma estruturada, com funções bem divididas entre seus integrantes, e tinha como principais alvos celulares e joias de ouro.

Ao todo, os agentes saíram às ruas para cumprir seis mandados de prisão, mas duas pessoas seguem foragidas. Os investigadores descobriram que, além de levar os pertences, os criminosos obrigavam as vítimas a entregar as senhas dos aparelhos. Antes que conseguissem bloquear os dispositivos, as contas bancárias eram acessadas e esvaziadas com transferências e compras de alto valor — mercadorias que depois eram revendidas na internet e em comunidades.

A delegada Daniela Terra explica que o uso de motocicletas é um dos elementos que garantiam agilidade à quadrilha. “Eles sempre agem de moto porque fogem mais rápido e é a forma mais prática de abordar. Usam arma de fogo para ameaçar e exigem o celular, a senha e também joias, como alianças e cordões”, afirmou.

As investigações revelaram que os assaltos aconteciam em sequência, muitas vezes na mesma região e em curtos intervalos de tempo. Bairros como Gávea, Jardim Botânico e toda a área da Lagoa Rodrigo de Freitas estavam entre os locais mais visados. Os criminosos saíam de zonas dominadas por facções, como o Complexo do Lins, na Zona Norte, e migravam para áreas de maior circulação e poder aquisitivo. Na Grande Tijuca, o mesmo grupo chegou a cometer três crimes seguidos na Avenida Maracanã.

A estrutura da quadrilha chamava atenção: enquanto alguns membros faziam os roubos, outros recebiam, em tempo real, os dados bancários das vítimas por meio de um grupo de mensagens. Com isso, realizavam Pix, compras e transferências antes mesmo que o telefone fosse bloqueado. Duas mulheres responsáveis por receber mercadorias compradas com o dinheiro roubado foram presas.

Entre os envolvidos também estava um ourives, que avaliava as joias subtraídas, pagava valores abaixo do mercado e, em alguns casos, produzia peças para os próprios criminosos. Ele também foi preso.

O cenário de violência associado a assaltos com motociclistas se repete em toda a cidade. Dados da Polícia Militar revelam que mais da metade dos roubos de rua na Grande Tijuca envolve criminosos em motos, sendo 25% somente na área do Maracanã. Casos recentes mostram que a crueldade também acompanha algumas ações: em Todos os Santos, uma vítima relatou que foi obrigada a se deitar no chão enquanto era ameaçada. Outro morador contou o pânico de ter uma arma apontada para a cabeça. “O sentimento é que você vai morrer”, relatou.

Para muitos moradores, a sensação de insegurança já virou hábito: “Quando vejo uma moto com dois ocupantes, já fico com medo”, disse outra vítima, lembrando de ocorrências no Cachambi e em outras partes da Zona Norte.

Diante da escalada de crimes, a Polícia Civil afirma que vem intensificando investigações contra grupos especializados nesse tipo de ação. Na terça-feira (18), o Governo do Estado lançou uma força-tarefa voltada especificamente para combater delitos praticados com o uso de motos, numa tentativa de frear o que se tornou uma das modalidades de assalto mais comuns no Rio.

Com informações de g1*

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