Paes reage a críticas da Alemanha e chama chanceler de ‘filhote de Hitler’ e ‘nazista’
A fala de Merz, vista como desrespeitosa, reacende discussões sobre preconceito europeu e mobiliza vozes brasileiras em defesa da imagem do país
O prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PSD), protagonizou nesta terça-feira, 18, um dos episódios políticos mais comentados do ano ao responder de maneira contundente às declarações do chanceler alemão Friedrich Merz. A reação, feita em publicação no X, expôs a insatisfação de autoridades brasileiras frente ao discurso considerado ofensivo do líder europeu sobre a COP30 de Belém e sobre o Brasil.
Com a espontaneidade e o tom direto que marcaram sua trajetória pública, Paes verbalizou o que avalia ser o sentimento de muitos brasileiros diante da fala depreciativa de Merz. O prefeito não economizou palavras e chamou o chanceler de “filhote de (Adolf) Hitler” e “nazista”, posicionando-se de forma firme na defesa do país e dos anfitriões do maior encontro climático do planeta.
“Como meus amigos Igor Normando e Helder Barbalho são muito educados, eu digo aqui o que eles pensaram: filhote de Hitler vagabundo, nazista”, escreveu Paes, citando o prefeito de Belém e o governador do Pará, que haviam rebatido Merz de maneira mais moderada, chamando-o de “arrogante” e “preconceituoso”.
As declarações de Merz foram feitas no último dia 13, durante o Congresso Alemão do Comércio. No discurso, o chanceler afirmou que jornalistas alemães que o acompanharam em sua passagem por Belém ficaram “felizes de ir embora”. Em tom de deboche, acrescentou que perguntou quem gostaria de permanecer na cidade e que “ninguém levantou a mão”. A fala repercutiu mal no Brasil, vista como desrespeitosa não apenas à capital paraense, mas à cultura brasileira como um todo.
A resposta de Paes ecoou de imediato, mobilizando líderes políticos, especialistas em relações exteriores e usuários das redes sociais, que viram no gesto do prefeito uma atitude de proteção à imagem do país. O tom duro, para muitos, refletiu um sentimento nacional de indignação diante de críticas generalistas vindas do exterior às vésperas da COP30 — evento que coloca o Brasil no centro das discussões climáticas globais.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) também respondeu ao chanceler, embora com um discurso mais diplomático. Falando no interior do Tocantins, Lula destacou que Merz teria perdido a oportunidade de conhecer o melhor do Pará. “Ele deveria ter ido a um boteco no Pará, deveria ter dançado no Pará, deveria ter provado a culinária do Pará”, disse o presidente, antes de ironizar a comparação feita por Merz. “Aí ele perceberia que Berlim não oferece para ele 10% da qualidade que oferecem o Estado do Pará e Belém.”
O embate acendeu o debate sobre respeito cultural e o papel do Brasil na agenda ambiental mundial. Enquanto Belém se prepara para receber delegações internacionais na COP30, autoridades brasileiras reforçam que o país exige ser tratado com seriedade — e que, quando necessário, não hesitará em responder a ataques considerados infundados ou carregados de preconceito.
A contundência de Paes, para aliados e diversos observadores, simboliza uma postura de defesa do Brasil que dificilmente passa despercebida na arena global.
