Operação policial amplia caos e afeta transporte no Rio
Tiroteio na Cidade Alta interrompeu totalmente a Avenida Brasil por 15 minutos e provocou impactos imediatos no trânsito, no transporte público e na rotina de milhares de pessoas
A quinta-feira (27) começou com tensão e incerteza para quem circulava pelo Rio de Janeiro. Um intenso tiroteio na região da Cidade Alta, Zona Norte, levou ao fechamento total da Avenida Brasil — a mais importante ligação viária da capital — por cerca de 15 minutos. O bloqueio ocorreu enquanto equipes das polícias Civil e Militar avançavam mais uma fase da Operação Barricada Zero no Complexo de Israel.
A interrupção repentina transformou a paisagem da via expressa: motoristas parados, faixas completamente vazias e um silêncio incomum para o horário. De bairros distantes, moradores registraram uma densa nuvem de fumaça que subia da região do confronto e se espalhava pelo horizonte, reforçando o clima de instabilidade que domina o dia a dia das comunidades afetadas pela violência armada.
Onde a operação ocorre
A Barricada Zero mobiliza agentes em diversos pontos do Complexo de Israel — um território marcado por disputas e abandono histórico do poder público. As ações simultâneas acontecem na Cidade Alta, Furquim Mendes, Guaporé, Kelsons, Pica-Pau, Quitungo e Tinta. Até o momento, não há registro oficial de feridos ou detenções. O Governo do Estado ainda não apresentou detalhes sobre os objetivos desta etapa da operação nem sobre seus resultados preliminares.
Trens e BRT são afetados
Os efeitos do tiroteio rapidamente ultrapassaram os limites da Avenida Brasil. A SuperVia informou que o ramal Saracuruna precisou ser reconfigurado: os trens que passam pela Cidade Alta estão operando apenas entre a Central e a Penha, e entre Caxias e Saracuruna. A estação de Cordovil, muito próxima ao ponto da operação policial, permanece sem atendimento. Além disso, o intervalo médio entre os trens aumentou para 20 minutos, provocando atrasos e lotação.
No BRT, a situação também é difícil. De acordo com a Mobi-Rio, dois trechos da Avenida Brasil tiveram o serviço interrompido. No sentido Deodoro, a suspensão ocorre perto da estação Mercado São Sebastião. Já no sentido Gentileza, o bloqueio é próximo à estação Vigário Geral. Os impactos atingem três linhas essenciais para trabalhadores da Zona Norte e da Baixada:
- 60 – Deodoro x Gentileza Parador
- 61 – Deodoro x Gentileza Expresso
- 71 – Vigário Geral x Gentileza Expresso
Outras ações no Rio e na Baixada
A Barricada Zero, no entanto, não se limita ao Complexo de Israel. A operação está espalhada por diversas áreas do Rio, da Baixada Fluminense e da Região Metropolitana, demonstrando a amplitude da ação policial:
- Morro do Fubá, em Campinho
- Duque de Caxias (Lixão, Mangueirinha e Vila Ideal)
- Nova Iguaçu (Comunidade Ben 10 e Inferninho)
- Mesquita (Comunidade do Sebinho)
- Queimados (São Simão e Caixa D’água)
- Japeri (Lagoa do Sapo e São Jorge)
- São Gonçalo (Jardim Catarina)
A escalada de operações e confrontos reacende o debate sobre segurança pública no estado. Enquanto o governo investe em ações ostensivas, moradores convivem com o medo diário, interrupções de serviços essenciais e uma rotina marcada por incertezas. A quinta-feira terminou com a Avenida Brasil parcialmente liberada — mas o sentimento de insegurança permanece, mais uma vez, atravessando a vida do povo fluminense.
