Movimentos sociais realizam ato contra a ditadura na porta do antigo DOPS no Rio
O protesto lembrou os 60 anos do golpe militar no Brasil; diversas lideranças como Jandira Feghali e Rafaela Albergaria estiveram presentes
No marco dos 60 anos do golpe de Estado que instaurou a ditadura civil-militar no Brasil, organizações que lutam por memória, verdade e justiça, ao lado de partidos políticos, mandatos parlamentares, movimentos sociais e entidades da sociedade civil participaram do ato “60 anos do golpe: Ditadura Nunca Mais”, nesta segunda-feira (1º) no Centro do Rio de Janeiro.
A concentração da manifestação ocorreu na esquina da rua da Relação com a rua dos Inválidos, em frente ao prédio do antigo Departamento de Ordem e Política Social (Dops), palco de graves violações de direitos humanos ao longo de todo o século XX. Depois da concentração, a caminhada seguiu até o Centro Acadêmico (Caco) da Faculdade Nacional de Direito da Universidade Federal do Rio (FND/UFRJ), símbolo da resistência democrática e das lutas populares, onde foi realizada a entrega anual da Medalha Chico Mendes de Resistência pelo Grupo Tortura Nunca Mais.
Vice-presidenta nacional do PCdoB, a deputada federal Jandira Feghali (PCdoB) fez um dos principais discursos no ato. “Estamos fazendo duas coisas fundamentais hoje. Em primeiro lugar, estamos homenageando aqueles que lutaram contra a ditadura. Em segundo lugar, queremos recuperar o conhecimento e a consciência democrática sobre o que uma ditadura faz. Países democráticos possuem museus sobre a Memória e a Verdade. O Brasil também precisa ter”, argumentou Jandira.
Já a ativista social Rafaela Albergaria falou sobre como resquícios da ditadura ainda estão presentes nos dias atuais. “Lembrar e exercitar a Memória é fundamental para construirmos um novo futuro. Infelizmente, ataques contra os direitos humanos ainda são comuns em nosso país”, registrou Albergaria.
Entre os homenageados estão movimentos internacionais de apoio a resistência palestina BDS e Stop the Wall; Gonzaguinha, uma importante voz da resistência; Historias Desobedientes, da Argentina, Leonel de Moura Brizola; os lutadores por moradia, terra e direitos humanos Maria Criseide da Silva e Wellington Marcelino Romana; Norberto Nehring, assassinado pela ditadura; Pastor Mozart, resistente e solidário desde os tempos da ditadura; os Quilombos do Sapê do Norte do Espírito Santo, ainda hoje ameaçados pelas Forças Armadas e pela empresa Suzano S/A e Ranúsia Alves Rodrigues, assassinada pela ditadura.
De acordo com a organização da manifestação e da entrega da medalha, o objetivo é “reafirmar que o Brasil não tolera mais que as elites econômicas queiram impor seus projetos regressivos para o país por meio de golpes militares”, diz trecho da nota. Entre as reivindicações, estão o pedido de penalizações aos golpistas de 1964 e de 8 de janeiro de 2023, a reinstalação da Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos, a transformação do prédio do antigo Dops em um espaço de memória e pela abertura dos arquivos da ditadura.