Menina de 11 anos é baleada cinco vezes em Jacarepaguá

Uma menina de 11 anos foi atingida por cinco tiros em um atentado em Jacarepaguá. O pai, suposto miliciano, era o alvo; a mãe também foi ferida


A noite de quinta-feira (30) em Jacarepaguá, na Zona Sudoeste do Rio, foi rasgada pelo som de dezenas de disparos. Desta vez, a vítima mais grave da guerra sem fim que consome a região é uma criança. Uma menina de 11 anos foi atingida por cinco tiros. A mãe dela também foi ferida, baleada na perna.

Ambas estavam no carro com o pai da menina, identificado como Jhonatan Martins, de 34 anos. Segundo as investigações policiais, Jhonatan era o verdadeiro alvo do atentado e é apontado como “supostamente envolvido com a milícia” que atua na região.

A família se tornou o alvo em movimento da disputa territorial que sangra o bairro.

O ataque, ocorrido no sub-bairro Colônia, teve a frieza de uma execução em plena via pública. De acordo com o relato da Polícia Militar, o carro da família foi fechado por um outro veículo. Em seguida, os criminosos abriram fogo, sem se importar com quem estava dentro.

A cena do crime, horas depois, era um retrato do horror e da violência que tomou conta daquela área: o carro onde a criança estava ficou com dezenas de marcas de tiros, cravadas na lataria e nos vidros estilhaçados. No asfalto, cápsulas de bala espalhadas denunciavam a intensidade do tiroteio.

O terror se espalhou pela vizinhança. Um morador, pego no meio do fogo cruzado, relatou o pânico de quem vive sob a lei do mais forte:

“Quase me mataram, mané. Eu deitei debaixo do carro, pensei que ia morrer”, contou, ainda em choque.

Jhonatan, o alvo principal, foi baleado no peito. Ele foi socorrido às pressas por populares e levado para o Hospital Municipal Lourenço Jorge, na Barra da Tijuca.

Já a sua esposa e a filha de 11 anos foram levadas para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da Taquara. Ainda não há informações atualizadas sobre o estado de saúde das vítimas, especialmente da menina atingida por cinco disparos.

O Estado e o crime lado a lado

Quando a Polícia Militar finalmente chegou ao local, a tragédia familiar ganhou mais uma camada de complexidade, expondo as entranhas do conflito que devora Jacarepaguá. Os agentes constataram que o carro usado por Jhonatan, o suposto miliciano, era clonado.

A ironia da falência da segurança pública se completou no hospital: Jhonatan foi localizado pelos policiais na unidade de saúde e, mesmo baleado, está preso sob custódia. O homem que era alvo de um grupo criminoso estava, ele mesmo, utilizando um veículo ilegal.

A 32ª DP (Taquara) agora tenta identificar os autores do ataque e a motivação — embora ela pareça clara. O atentado não é um fato isolado. É mais um capítulo sangrento da disputa territorial que transformou Jacarepaguá, especialmente áreas como Colônia e Curicica, em um campo de batalha.

Moradores vivem espremidos entre o poder dos grupos paramilitares (milícia) e as ofensivas dos traficantes. No meio dessa guerra, onde o Estado falha em proteger e figuras como Jhonatan transitam na ilegalidade, é a infância que paga o preço mais alto. Uma menina de 11 anos, com cinco balas no corpo, é o “dano colateral” da barbárie que o Rio de Janeiro normalizou.

Com informações de g1*

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