Maricá firma parceria internacional para erguer fábrica de tratores
Querendo impulsionar agricultura familiar, a cidade aposta em nova economia com investimento de R$ 200 milhões
Maricá deu mais um passo para transformar sua matriz econômica e fortalecer políticas públicas voltadas ao desenvolvimento social e produtivo. No início da tarde deste sábado (22/11), a Prefeitura assinou um acordo com um grupo empresarial formado por companhias chinesas e brasileiras para a instalação de uma fábrica de tratores destinada ao mercado da agricultura familiar. O investimento previsto é de R$ 200 milhões, valor considerado estratégico para consolidar um novo ciclo industrial no município.
A unidade será construída em um terreno no distrito de Ponta Negra, próximo à RJ-106, e nasce com um diferencial: o modelo de gestão, definido como “parceria público privada e popular”, a chamada PPPP. Segundo a administração municipal, esse formato busca garantir que o projeto dialogue não apenas com governos e investidores, mas também com trabalhadores organizados e cooperativas, ampliando a participação social e o impacto econômico local.
Durante a solenidade de assinatura, o prefeito Washington Quaquá reforçou que o empreendimento representa uma guinada estrutural para o município. “Estamos construindo uma nova economia para Maricá, uma que garanta uma vida boa para a população. Essa fábrica pega o dinheiro do petróleo e transforma numa indústria de tratores que vai revolucionar a agricultura familiar, que produz os alimentos no Brasil, vai gerar empregos qualificados em Maricá e também beneficiar a prefeitura com impostos. Esses tratores vão fazer uma revolução na agricultura familiar do país, que hoje conta só com ferramentas rústicas”, afirmou o prefeito Washington Quaquá durante a solenidade.
Parceria inédita e modelo de futuro
A iniciativa tem sido celebrada por lideranças nacionais ligadas à agricultura e ao desenvolvimento sustentável. Para João Pedro Stédile, um dos fundadores do MST, a fábrica simboliza não apenas um avanço local, mas um marco para o país. “É uma parceria público privada e popular, pois reúne o governo, empresas privadas, mas também o popular organizado em cooperativas. Um investimento que desenvolve o país e o torna melhor para o povo. Esse é um dia histórico para o Brasil. Por conta desse arranjo societário, por ser a primeira fábrica de tratores da China no Brasil e por resolver um problema do povo brasileiro, da nossa agricultura que de fato produz alimentos”, disse Stédile.
A aposta de Maricá não se limita ao cenário nacional. A prefeitura destaca que a aproximação com a China, uma das maiores potências industriais do planeta, representa um passo estratégico na inserção da cidade no movimento econômico do Sul Global. O secretário municipal de Governo, Arlen Pereira, lembrou que essa parceria pode reposicionar o Brasil no debate internacional sobre desenvolvimento. “Esse tipo de parceria com um ‘P’ a mais é o futuro. Se os chineses visitavam o nosso parque industrial nos anos 1970, hoje nós precisamos aprender com eles. Ensinam para o mundo como se desenvolver e move o Sul Global. O Brasil não pode perder o bonde da história mais. Vamos desenvolver Maricá e o país”, declarou Arlen.
Indústria voltada para quem alimenta o Brasil
A fábrica terá como foco a produção de tratores de pequeno e médio porte, direcionados ao trabalho em pequenas e médias propriedades rurais — segmento responsável por grande parte dos alimentos consumidos no país. A proposta dialoga com a estratégia de Maricá de valorizar e ampliar a produção local, investindo em tecnologia, autonomia econômica e fortalecimento de cadeias produtivas.
Essa visão também se conecta às iniciativas de incentivo à produção de alimentos com identidade territorial. “Temos a Amar e a Amar Brasil. Marca registrada que vai levar os nossos produtos para o mundo todo. A missão dela é ser uma das maiores empresas de alimentos do mundo, com o nosso cacau produzido pelo MST na Bahia, com o nosso café. Países que não produzem um grão de café, que não têm um pé de cacau, que ficam controlam o mercado. Isso vai mudar. Vamos investir até na maquininha que faz o café, as cápsulas de café, e tudo dessa forma, em PPPP”, concluiu o prefeito Quaquá.
Maricá mira futuro com inclusão e soberania produtiva
A instalação da fábrica reforça a política municipal de usar os recursos do petróleo para diversificar a economia, gerar empregos qualificados, ampliar a arrecadação e estimular setores essenciais para o desenvolvimento nacional, como a agricultura familiar. Para movimentos sociais, gestores e investidores, o acordo simboliza um modelo de cidade que aposta em cooperação internacional, participação popular e redistribuição de riqueza.
Se concretizada dentro do cronograma previsto, a planta industrial poderá reposicionar Maricá como referência no país em inovação pública, produção de maquinário agrícola e integração entre Estado, iniciativa privada e sociedade organizada. Uma aposta que, segundo o governo municipal, pretende colocar tecnologia, dignidade e comida na mesa do povo brasileiro — começando pela Zona Costeira do Rio de Janeiro.
