Marcha em defesa da democracia marcará 60 anos do golpe
No dia 1º de abril de 2024, o golpe civil militar de 1964 completa 60 anos. Neste dia, têm encontro marcado na Marcha da Democracia militantes em defesa da Democracia e ativistas sociais de todo o Brasil, dentre eles a família do ex-presidente João Goulart – d. Maria Tereza e os filhos Denise e João Vicente – e o emblemático líder sindicalista Clodsmidt Riani, hoje com 103 anos de idade, que presidiu o histórico Comando Geral dos Trabalhadores (CGT).
O encontro será num grande ato na cidade mineira de Juiz de Fora, de onde há 60 anos, partiram as tropas da então 4ª Região Militar, com destino ao Rio de Janeiro, para derrubar o governo de Jango, sob o comando do general Olympio Mourão Filho, em conluio com o então governador de Minas Gerais, Magalhães Pinto, e empresários de direita da época.
Como a História está sempre ao lado daqueles que levantam sua voz contra a mentira, esta caravana de lideranças sindicais, intelectuais, familiares e representantes de perseguidos pelo golpe, junto com entidades do movimento social, fará o percurso inverso ao de 1964. No dia 01 de abril de 2024, a Marcha da Democracia deixará o Rio de Janeiro rumo a Juiz de Fora, em uma rota no sentido contrário ao das tropas de Mourão.
A proposta do coletivo de entidades que organiza a marcha reversa é de lembrar o que foi o golpe, suas consequências durante mais de duas décadas de ditadura e dar uma resposta firme aos que ainda hoje insistem em tentar derrubar a democracia brasileira, construída com muita luta e resistência, como foi no episódio do 08 de janeiro de 2023.
Será mais uma importante etapa do movimento 60 Anos do Golpe – Democracia Sempre, que começou em dezembro de 2023 e prevê uma série de eventos e atos públicos a serem realizados neste ano em todo o país.
Paradas simbólicas
A Marcha da Democracia fará duas paradas para atos simbólicos em memória aos mais de 50 mil perseguidos políticos dos 21 anos da ditadura.
A primeira será em Petrópolis, na chamada Casa da Morte, um dos maiores centros de tortura de pessoas executadas e desaparecidas, descoberta a partir do movimento pela anistia e graças à persistência e luta da única sobrevivente do lugar, Inês Etienne Romeu (1942-2015). O prédio será tombado pelo patrimônio histórico e, ali, será instalado um Centro de Memória.
A segunda parada será sobre a ponte do Rio Paraibuna, na antiga divisa do Rio com Minas Gerais, nos municípios de Levy Gasparian (RJ) e Simão Pereira (MG).
Naquele fatídico abril de 64, as estruturas da ponte, foram preenchidas com dinamites pelas tropas do general Mourão, para inibir qualquer reação ao golpe. Nesta revisita ao local, haverá um ato em defesa da democracia e da paz, com a participação de estudantes da região.
Na terceira etapa, às 16 horas, todos se encontrarão na Praça Antônio Carlos em Juiz de Fora, em um grande ato público, quando serão recebidos pela Prefeita de Juiz de Fora, Margarida Salomão (PT), pela reitora eleita da UFJF Girlene Alves, pela D. Teresa Goulart e família Riani, acompanhadas por lideranças locais, regionais e nacionais como Nilmário Miranda, Assessor Especial de Defesa da Democracia, Memória e Verdade, do Ministério dos Direitos Humanos.
Atos diversos
O movimento 60 Anos do Golpe – Democracia Sempre teve seu primeiro ato em dezembro de 2023, em uma grande manifestação na Usina de Cambayba, em Campos, no norte do Rio de Janeiro.
Outros eventos ainda serão realizados pelo país, neste mesmo tom de memória, como o ato da Associação Brasileira de Imprensa/ ABI, no dia 13 de março, no Rio de janeiro, reverenciando os primeiros personagens vitimados pelo golpe e lembrando o famoso discurso de Jango na Central do Brasil.
Participam da organização do evento do dia 01 de abril a Coalizão Brasil por Memória, Verdade, Justiça, Reparação e Democracia, representantes das vítimas da ditadura, partidos políticos, sindicatos, o MST, a ABI, o CDDH de Petrópolis, o deputado federal Reimont (PT/ RJ), a deputada estadual Marina do MST (PT/RJ), a Prefeitura de Juiz de Fora, diversas secretarias estaduais e municipais de Direitos Humanos e o Ministério dos Direitos Humanos e Cidadania.
Mas o ato está aberto à adesão de todos os movimentos e instituições comprometidos com a defesa da Democracia.