Jandira Feghali: Liberdade, liberdade
Mais da metade dos eleitores optou por Lula e, agora, teremos um 7 de Setembro digno do sonho e da luta por um outro Brasil
Por Jandira Feghali
“Não temais ímpias falanges
Que apresentam face hostil
Vossos peitos, vossos braços
São muralhas do Brasil”
Os países que viveram um dia sob o jugo colonial comemoram a data de suas independências. Os processos de libertação na América foram variados na forma e no tempo, mas, em comum, foram motivados pelo sonho de uma nação soberana, livre e, principalmente, para que as riquezas produzidas revertessem em prol de seu povo. Na prática, o fim do espólio e da dilapidação de um patrimônio que era todo destinado a encher os cofres das coroas europeias.
Durante os últimos 4 anos, a data 7 de Setembro foi usurpada e seu significado deturpado. Na comemoração de 2021, o então presidente Jair Bolsonaro usou os palanques dos desfiles em Brasília e em São Paulo para ameaçar o Supremo Tribunal Federal e a democracia. Em seus discursos, além das indignas inverdades e xingamentos contra os outros poderes e seus representantes, vociferou contra o sistema de votação eletrônica e chamou as eleições de farsa. Chegou a afirmar que só sairia da presidência “preso, morto ou com vitória”. E ainda complementou “Quero dizer aos canalhas que eu nunca serei preso.”
Vitória não teve. Politicamente, morreu a partir de sua inelegibilidade. Resta apenas a prisão para mostrar a ele o destino merecido de quem se insurge contra a democracia e comete crimes, e o faremos no devido processo legal, sem arbitrariedades ou atropelos. São vinte e quatro inquéritos a que o ex-presidente responde. São crimes contra a vida, atentado violento contra o estado democrático de direito, milícias digitais, entre outros tantos.
O palanque de 7 de setembro, que deveria ser usado para homenagear a luta dos que defenderam a independência do Brasil foi utilizado para dar início a um processo que culminaria com a tentativa de golpe em 8 de janeiro 2023. Um instrumento para incitar parte da população a golpear a democracia e o resultado das urnas. Isto tem nome. Está tipificado em nosso código penal. E não pode ser tolerado, justificado e, muito menos, passar sem responsabilização de todos os envolvidos.
O candidato derrotado não aceita ainda hoje que a maioria se posicionou contra seu projeto autoritário e anti-nacional. Mais da metade dos eleitores optou por Lula e, agora, teremos um 7 de Setembro digno do sonho e da luta por um outro Brasil. Será um dia de valorizar a democracia, o Estado Democrático de Direito, as instituições, a nossa Lei Maior. Dia de abraçar a esperança de um país mais justo, de ouvir o grito dos excluídos. Dia de combater qualquer resquício de um projeto que apequena nossa nação e a deixa de joelhos frente aos interesses externos como se colônia ainda fôssemos. NÃO SOMOS!
O verde e o amarelo voltarão a ser ostentados com orgulho, e não como um instrumento de divisão de um povo. A palavra “patriota” retornará ao seu significado mais ilustre: o que ama seu país. Não é patriota quem trama contra ele e contra sua soberania. Não amam o país os que o querem dividido e fragilizado. Não o respeitam quem não valoriza sua singular diversidade. A esses, chamo de anti-patriotas e vendidos.
Não tememos as ímpias falanges que apresentam face hostil. Nosso peito e nossos braços abertos são mais do que muralhas do Brasil. São a expressão máxima de um povo que acolhe, que trabalha, que ama e que continua sonhando com um futuro melhor para todas e todos. São esses os representantes do espírito do dia 7 de Setembro que faz renascer, todos os dias, o sonho realizado de nossa independência.
Jandira Feghali é deputada federal pelo PCdoB-RJ.