Haddad critica BC por falta de diálogo com a Fazenda
Em uma entrevista concedida ao jornal Valor, o ministro Fernando Haddad destacou a comunicação intensa do Banco Central (BC) com o mercado financeiro em comparação com o Ministério da Fazenda. Segundo Haddad, essa dinâmica revela uma prioridade evidente, onde o diálogo com o mercado é enfatizado em detrimento das interações com a Fazenda.
Haddad evitou personalizar o debate, atribuindo a volatilidade do mercado a problemas “inexistentes”. No entanto, reconheceu que a relação com o presidente do BC, Roberto Campos Neto, já foi mais harmoniosa.
Durante uma audiência na Câmara dos Deputados, Haddad mencionou que os ruídos sobre a trajetória fiscal foram ampliados por influências externas, sem citar nomes diretamente, mas apontando para declarações de Campos Neto feitas em Washington, em abril.
Campos Neto sugeriu que uma eventual perda de credibilidade fiscal poderia aumentar os custos monetários, afetando as decisões do Comitê de Política Monetária (Copom). Apesar de considerar a meta de inflação de 3% rigorosa, Haddad negou qualquer intenção de modificá-la, destacando a cooperação entre a Fazenda e o BC.
O ministro também afirmou que não há pressão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para que ele privilegie mais o governo do que o mercado.
Reconheceu que Lula voltou ao poder com maior “ansiedade” para atender às demandas sociais, mas enfatizou a aceitação do novo arcabouço fiscal.
Quanto à proposta de desvinculação do piso da Previdência do salário mínimo, Haddad questionou sua constitucionalidade. Sobre o plano de ajuste fiscal do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, observou que 80% das medidas já foram implementadas pelo governo federal.