Governo destinará à reforma agrária terreno simbólico da ditadura no Rio
A Usina Cambahyba, em Campos dos Goytacazes (RJ), será formalizada como assentamento do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST)
Uma notícia importante para a tardia justiça de transição no Brasil. De acordo com a jornalista Flávia de Oliveira, o governo federal destinará à reforma agrária um dos mais simbólicos territórios de violência política da ditadura militar no Rio de Janeiro.
Trata-se da Usina Cambahyba, em Campos dos Goytacazes (RJ), local onde foram incinerados 12 corpos de presos políticos recolhidos da Casa da Morte, o centro clandestino de tortura em Petrópolis (RJ), e do DOI-Codi, na capital.
A jornalista explica que a área, que abriga sete fazendas em 3.500 hectares, está em disputa há quase três décadas. Em 2012, foi considerada improdutiva pela Justiça; dois anos atrás, desapropriada e destinada ao Incra pela 1ª Vara Federal de Campos. Agora, ela será formalizada como assentamento do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).
O assentamento levará o nome de Cícero Guedes, militante do MST que foi assassinado a tiros em 2013, nos arredores de um acampamento de sem-terra em Campos.
Memória e Verdade
Além da transformação da Usina Cambahyba em um assentamento, como medida de reparação histórica, movimentos sociais defendem que outras medidas sejam tomadas para que a história da ditadura militar não seja esquecida. Nessa direção, a deputada estadual Dani Balbi (PCdoB) apresentou no início do ano o Projeto de Lei 254/2023 que transforma a Casa da Morte em Petrópolis em um Museu da Memória e da Verdade. Foram justamente os presos políticos torturados na Casa do Morte que foram enviados posteriormente para a Usina Cambahyba.
“Infelizmente, o Brasil não teve uma justiça de transição como outros países tiveram. Ressignificar a Usina Cambahyba é fundamental. Assim como transformar os velhos centros de tortura em Museus de Memória e Verdade, para que a tragédia da tortura nunca mais se repita”, avalia a deputada.