Feira de Acari: precificação anormal e irregularidades elevam preocupações

A Feira de Acari, localizada na Zona Norte do Rio de Janeiro, ganhou destaque nas redes sociais nos últimos dias devido a imagens que circulam mostrando produtos sendo comercializados a preços significativamente abaixo dos praticados no mercado convencional. Esta feira, conhecida por apelidos como “roubatudo” e “robauto,” opera aos domingos na Avenida Pastor Martin Luther King Jr., às margens da linha do trem.

As imagens, vistas por mais de seis milhões de pessoas, chamam a atenção para a variedade de produtos disponíveis, desde eletrônicos até alimentos, com preços notavelmente mais baixos do que o encontrado em estabelecimentos comerciais tradicionais. Televisões e uniformes de clubes de futebol são vendidos a valores substancialmente reduzidos, enquanto uma embalagem com seis refrigerantes de dois litros é comercializada por R$ 15, metade do preço nas grandes redes varejistas.

O cenário impressionante da feira, no entanto, é marcado por irregularidades que não passaram despercebidas. Produtos congelados, como pacotes de macarrão e bandejas de frango, são expostos sem refrigeração adequada, desafiando as normas de segurança alimentar.

Apesar de seu funcionamento, a Feira de Acari não é autorizada pelas autoridades, e a Secretaria de Ordem Pública do Rio destaca sua ligação direta com atividades ilícitas, incluindo tráfico de drogas armado e a venda de produtos provenientes de roubo, furto e contrabando. A Polícia Civil e a Delegacia de Roubos e Furtos de Cargas estão conduzindo investigações sobre o local.

A situação torna-se mais alarmante quando relacionada aos impactos econômicos. Segundo um levantamento da Firjan, os roubos de carga no Rio de Janeiro resultaram em um prejuízo estimado de R$ 390 milhões em 2022. Embora os números mostrem uma redução de 11,5% nos casos de janeiro a setembro deste ano, ainda ocorrem, em média, 12 crimes diariamente. O Sindicato das Empresas de Transporte Rodoviário de Cargas e Logística do Rio (Sindicarga) aponta que esses incidentes contribuem significativamente para o encarecimento do transporte na região.

O advogado do Sindicarga, Alexandre Ayres, ressalta que comunidades como o Complexo da Maré abrigam galpões equipados para organizar produtos obtidos por meio de roubo, que posteriormente são destinados a feiras irregulares. A polícia militar afirma que operações em feiras públicas são conduzidas por outros órgãos, mas oferece apoio quando acionada.