Em Niterói, prefeitas e prefeitos debatem impactos das mudanças climáticas nas cidades
O evento foi promovido pela Frente Nacional de Prefeitos e contou com a presença de Inamara Santos Melo, coordenadora-geral de adaptação do departamento de Políticas de Mitigação, Adaptação e Instrumentos de Implementação do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima.
Governantes e técnicos municipais se reuniram, na última quinta-feira, 6, para o primeiro dia de debates da 2ª edição do Reflexões sobre o futuro das cidades. Em Niterói/RJ, o grupo discute o tema de cidades atingidas ou sujeitas a desastres até sexta-feira, 7. O evento é promovido pela Frente Nacional de Prefeitos (FNP), em parceria com a prefeitura do município e da Comissão da FNP sobre o assunto, e tem apoio técnico do WRI Brasil.
“Vamos aproximar experiências das nossas defesas civis, políticas públicas de resiliência e pensar em formas de ter uma atuação solidária em situações de catástrofes climáticas”, ressaltou o prefeito anfitrião, Axel Grael, vice-presidente de Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da FNP.
Grael abriu o evento compartilhando a experiência de Niterói a partir da tragédia que acometeu o Morro do Bumba, cujo deslizamento resultou em 200 mortes. Ele destacou que a cidade ainda vive o trauma e que a partir disso foram feitos investimentos “mais fortes na defesa civil”. “Trabalhamos muito ao longo do ano e preparamos a cidade para o enfrentamento de chuvas no verão”, declarou.
A importância dos municípios na agenda global de desenvolvimento sustentável
Luis Antonio Lindau, diretor do WRI Brasil, foi palestrante na mesa que teve como objetivo discutir o protagonismo das cidades como parte do debate e implementação de políticas alinhadas aos compromissos globais, bem como no acesso às linhas de financiamentos adequadas para a promoção da agenda.
Para Lindau, compromissos internacionais só serão alcançados se “as cidades se comprometerem a melhorar o sistema de energia, a ter uma energia mais limpa. Isso é mitigação.”
Municípios mais resilientes: como avançar no enfrentamento das mudanças climáticas?
Inamara Santos Melo, coordenadora-geral de adaptação do departamento de Políticas de Mitigação, Adaptação e Instrumentos de Implementação do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima, falou sobre o fato as vulnerabilidades socioambientais estarem ligados aos impactos relacionados ao déficit histórico de infraestrutura necessária para as cidades. “Isso amplia demais aquilo que é nosso desafio em relação às mudanças climáticas”, disse.
Para ela, não se pode esperar que governantes locais enfrentem uma agenda dessas sozinhos. “Moradia é algo que precisa ser tratado. Não é um problema diretamente ligado à questão climática, mas a gente precisa rapidamente dar conta disso”.
José Marengo, coordenador-geral de Pesquisa e Desenvolvimento do Cemaden, também participou do debate, ressaltando que “quando as prefeituras mudam de prefeito devem tentar manter estabilidade profissionalização da defesa civil, porque é um órgão extremamente importante para o pais”.
Em março desde ano, o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) anunciou que vai passar a monitorar 2.120 municípios. O número representa mais que o dobro das cidades acompanhadas atualmente (1.038) e evidencia o alcance que os efeitos climáticos extremos podem ter no país e a necessidade urgente de investimentos financeiros e técnicos adequados para tornar os municípios mais resilientes frente às catástrofes.
Visita técnica ao Parque da Cidade
O primeiro dia de atividades terminou com uma visita técnica ao Parque da Cidade, local em que a prefeitura de Niterói instalou o radar meotorológico. O equipamento permite um fluxo maior de informações com mais recursos para poder fazer a interpretação dos eventos climáticos com a geração de estatísticas e dados que proporcionam um trabalho de forma mais estruturada e resiliente. Isso impacta diretamente na segurança.