Desabamento em sobrado no Catete deixa feridos e jovem soterrado
A parte dos fundos de um sobrado desabou na Rua Tavares Bastos e deixou feridos, mobilizando equipes dos bombeiros em uma operação delicada ao amanhecer
A rotina ainda silenciosa da Rua Tavares Bastos, no Catete, Zona Sul do Rio, foi rompida por um estrondo no fim da madrugada desta segunda-feira (8). A parte dos fundos de um sobrado de dois andares veio abaixo por volta das 4h30, deixando moradores feridos e transformando o endereço em um cenário de correria, poeira e resgate intenso.
Apesar do susto, a fachada do imóvel permaneceu de pé. O prédio, colado a uma encosta e dividido em pequenas residências, não tinha histórico de desabamentos. Mesmo assim, o episódio expôs mais uma vez a vulnerabilidade de construções em áreas adensadas e com pouca fiscalização, realidade que afeta especialmente comunidades de baixa renda.
Resgate mobilizou cerca de 50 bombeiros
Dezessete pessoas foram retiradas dos escombros. A maior parte sofreu apenas escoriações, mas o drama de um feirante de 21 anos mobilizou a tropa por quase cinco horas. Ele foi o último a ser localizado e, apesar do longo período soterrado, permaneceu consciente e conversando com os bombeiros enquanto era retirado.
O major Fabio Contreiras, porta-voz do Corpo de Bombeiros, explicou que “uma casa desabou em cima da outra”. Para ele, a própria arquitetura improvisada do local acabou ajudando a salvar vidas. “São apartamentos muito pequenos, com muitas colunas. Isso foi um grande facilitador, porque formou vários bolsões de ar, espaços vitais isolados em que as pessoas conseguiram aguardar a nossa chegada”, relatou.
Ainda segundo Contreiras, muitas vítimas estavam “debaixo de concreto, madeira e metais”. A retirada exigiu corte de grandes estruturas. “A gente teve que cortar muito aço para poder chegar a essas vítimas. Algumas saíram até andando”, afirmou.
Cerca de 50 bombeiros participaram da operação, incluindo equipes do Grupo de Operações Especiais e do Grupamento de Operações com Cães. Drones com câmera térmica auxiliaram na localização dos sobreviventes.
Interdição da via e apoio aos moradores
Para garantir o trabalho de resgate, o trânsito na Tavares Bastos foi totalmente interditado. A rua foi tomada por viaturas, cães farejadores e parentes das vítimas que aguardavam informações, enquanto os bombeiros se revezavam entre retirada de entulho e atendimento aos feridos.
O episódio reacende a discussão sobre as políticas de habitação e prevenção de desastres urbanos. Embora a tragédia não tenha feito vítimas fatais, expôs um problema crônico: famílias vivendo em estruturas frágeis, às sombras da desatenção do poder público. Nos escombros desse sobrado, além de concreto e madeira, ficou evidente também a urgência por moradia digna e segurança estrutural para quem vive nas regiões mais pressionadas da cidade.
