Deputada do PSOL entra com pedido de afastamento contra Braga Netto
A deputada Luciene Cavalcante, representante do PSOL de São Paulo, instou o Ministério Público Militar nesta quinta-feira, 28, a exigir o afastamento do general da reserva Walter Braga Netto do Exército.
Esta solicitação é realizada enquanto o militar é alvo de investigação por nomear o delegado Rivaldo Barbosa como chefe da Polícia Civil do Rio de Janeiro, um dia antes do assassinato de Marielle Franco.
Barbosa é considerado suspeito de ser o “autor intelectual” do assassinato da vereadora, conforme relatado pela Polícia Federal (PF), e foi detido no último domingo, 24. As informações foram reportadas pelo jornalista Guilherme Amado em sua coluna no Metrópoles.
Barbosa foi designado por Braga Netto. Em 2018, durante o governo Temer, Braga Netto serviu como interventor federal na segurança pública do estado do Rio de Janeiro.
Após a operação da PF que resultou na prisão do ex-chefe da Polícia Civil subordinado a Braga Netto, o general alegou que assinou a nomeação apenas por “questões burocráticas”.
De acordo com o ex-governador Wilson Witzel, os delegados encarregados do caso na época, que estavam diretamente subordinados aos generais Braga Netto e Richard Nunes, adiaram a prisão dos executores, Ronnie Lessa e Élcio Queiroz, alegando que estavam priorizando a identificação dos mandantes do assassinato. Witzel sugere que a demora na prisão dos assassinos possa ter ocorrido por interesses eleitorais.
Durante a transição de governo em 2018, Witzel questionou os delegados sobre o caso e ficou surpreso ao saber que já havia informações sobre os executores.
Ele destacou: “Fiz uma reunião ainda antes de assumir, na transição de governo, e perguntei aos delegados: ‘qual informação vocês têm do caso Marielle?’. Eles me disseram: ‘nós temos a informação de dois executores’. Eu disse: ‘ué, por que vocês não pediram a prisão deles ainda?’. [E eles responderam]: ‘nós estamos esperando chegar no mandante’. Se eu perguntei [sobre o caso Marielle], quem estava aqui antes de mim [Braga Netto e Richard Nunes] deve ter perguntado também. É natural. A eleição foi em outubro [de 2018], eu fiz essa pergunta em novembro. E o Lessa morava no condomínio do candidato [Bolsonaro]”.
Witzel sugeriu que os generais Braga Netto e Richard Nunes podem ter sido informados sobre a identidade dos executores e podem ter deliberadamente adiado as prisões para evitar repercussões políticas negativas para Bolsonaro, que era vizinho de Lessa.
Ele destacou: “Você imagina se essa informação é divulgada, se eles são presos na véspera da eleição. O matador da Marielle morador e vizinho do candidato. Como a informação cairia naquele momento?”.