Comunidade científica quer lista tríplice para escolha de presidente da Faperj
Projeto de Lei da deputada Dani Balbi (PCdoB) propõe que Conselho Superior da Faperj apresente lista de nomes para que o governador indique; Audiência pública na Alerj reuniu comunidade científica em torno da proposta
A Comissão de Ciência e Tecnologia da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) realizou nesta sexta-feira (01/11) audiência pública com servidores e representantes de lideranças acadêmicas e científicas para discutir os desafios e as expectativas em relação ao futuro da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj).
A reunião foi convocada após a notícia de que o governador pretende nomear na presidência da Faperj um quadro sem qualquer relação com o mundo da ciência. O consenso da audiência pública foi o de que o perfil do presidente da Faperj deve ser o de um cientista com ampla capacidade de gestão. Uma das soluções apontadas pela audiência pública foi a aprovação do projeto de lei da deputada estadual Dani Balbi (PCdoB) que obriga o governador a indicar um nome oriundo de lista tríplice formulada pelo Conselho Superior da Faperj.
Vice-presidente da Comissão de Ciência e Tecnologia da Alerj, a deputada Dani Balbi (PCdoB) enfatizou a relevância da instituição na promoção de soluções para os desafios do estado: “A missão da Faperj é financiar pesquisa, ciência e tecnologia para impulsionar o desenvolvimento social e humano no Rio de Janeiro. Precisamos sensibilizar o governo sobre o papel central da fundação e a importância de manter sua estrutura e orçamento, assegurando que as instituições possam cumprir plenamente suas funções”, disse.
Presente no encontro, a deputada federal Jandira Feghali (PCdoB) sugeriu que a comunidade científica pressione o governador pela garantia da autonomia da Faperj.
Contribuições da Faperj
Durante o encontro, a Comissão falou sobre a importância da Faperj ao apresentar dados recentes sobre suas atividades. Em 2023, a instituição lançou cerca de 30 editais em diversas áreas de pesquisa e desenvolvimento; em 2024, já são mais de 26 editais abertos, abrangendo bolsas de estudo, auxílios a projetos e programas de capacitação e inovação. Também foi mencionado que o orçamento atual da instituição é de R$ 637 milhões, representando 2% da dotação estadual, com previsão de R$ 650 milhões para 2025; e que a Faperj tem aproximadamente 9.500 bolsistas, desde a pré-iniciação científica até o pós-doutorado.
A representante da Associação Nacional de Pós-Graduandos (ANPG), Natália Trindade, destacou o trabalho da entidade para a pesquisa e permanência dos profissionais no Rio de Janeiro. “Para nós, a Faperj significa a possibilidade de infraestrutura digna nos programas de pós-graduação, a realização de nossas pesquisas com insumos adequados e, sobretudo, a possibilidade de sobrevivência através do trabalho de pesquisa. Somos bolsistas, que, graças à Faperj, conseguem se fixar no estado e sair de situações de insegurança alimentar com o pagamento mensal das bolsas”. Ela enfatizou ainda que a instituição é mais do que uma agência de fomento, funcionando como um instrumento de política social, de geração de emprego, renda e combate à fome, disse.
Presidente da Associação de Servidores da Faperj, Luciana Lopez fez um apelo sobre a importância da instituição para o futuro da ciência e da sociedade: “A Faperj não é apenas uma instituição; é um símbolo do que de melhor podemos alcançar como sociedade; o conhecimento. Ela representa nossas esperanças por um futuro mais justo, inovador e próspero. Por isso, faço um apelo sincero: defendam a Faperj, pois investir nela é investir no futuro do Rio de Janeiro, no progresso da ciência, da tecnologia e na criação de oportunidades para todos”, reiterou.
A audiência contou também com a presença dos deputados estaduais Carlos Minc (PSB) e Flávio Serafini (PSOL); do deputado federal Reimont (PT); além de Ana Tereza, representante da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC).