Barricada Zero tirou de 2 mil toneladas de barreiras e reabriu 414 ruas
Polícias removem 2 mil toneladas de barricadas no Rio e Castro promete reação dura: ‘Onde tentar voltar, terá visitinha do Bope e Core’
A primeira semana da operação Barricada Zero revelou a dimensão do esforço das forças de segurança do Rio para reabrir ruas historicamente controladas pelo crime armado. Segundo números divulgados nesta segunda-feira pelo governo estadual, equipes policiais retiraram 2,1 mil toneladas de materiais usados para bloquear 414 vias em sete municípios fluminenses.
Apesar da ofensiva em larga escala, o governador Cláudio Castro (PL) informou que apenas dois locais registraram tentativas de reinstalação de barreiras por parte de grupos criminosos — um deles em uma favela de São Gonçalo e o outro ainda não divulgado. Castro fez questão de afirmar que não haverá recuo por parte do estado.
— “Voltou barricada, tem visitinha (do Bope e Core, tropas de elite das polícias). A gente não vai retroceder em absolutamente nada. (Criminosos), saibam que onde tiver barricada ou fuzil há risco de receber uma megaoperação em breve” — declarou o governador.
Prisões e a morte de um trabalhador em Duque de Caxias
A operação, porém, não ficou marcada apenas pela remoção de barreiras. Treze pessoas foram presas ao longo da semana. Entre os detidos está um homem apontado como suspeito de matar Mário Barreto Rosa Junior, de 46 anos, funcionário da prefeitura de Duque de Caxias que auxiliava na retirada de estruturas usadas pelo tráfico.
Mário foi atingido por um disparo que atravessou o vidro da retroescavadeira onde trabalhava, ferindo a clavícula. Horas depois, naquele mesmo dia, um homem baleado deu entrada em um hospital e acabou preso. Segundo a Polícia Civil, ele seria gerente do tráfico local e teria atirado contra policiais e agentes municipais durante a ação.
Governo evita prazo, mas fala em avanço rápido
Embora tenha comemorado os números iniciais, Castro afirmou que não dará estimativas de prazo para eliminar todas as barricadas no estado. Ainda assim, disse acreditar que o objetivo pode ser alcançado “em muito pouco tempo”. O governador relatou também episódios de retaliação do crime organizado, especialmente em São Gonçalo e no Complexo de Israel, na Zona Norte do Rio.
Para movimentos sociais e especialistas em segurança pública, a operação levanta questões sobre a necessidade de estratégias duradouras que combinem presença policial, políticas sociais e investimentos em infraestrutura — elementos essenciais para reduzir a influência de facções em territórios vulneráveis. A remoção física das barreiras, embora importante, não substitui ações que enfrentem a raiz das desigualdades que alimentam o controle armado em comunidades.
O balanço da primeira semana da operação
- 610 barricadas retiradas
- 414 ruas desbloqueadas
- 2.189 toneladas de materiais recolhidos
- 50 kits de demolição, incluindo retroescavadeiras
- 45 favelas alcançadas
- 7 municípios envolvidos: Rio de Janeiro, Duque de Caxias, Nova Iguaçu, Mesquita, Queimados, Japeri e São Gonçalo
- Quase mil policiais mobilizados: 716 militares e 200 civis
- 13 presos e seis armas apreendidas
Com o avanço da Barricada Zero, o governo tenta reafirmar sua autoridade em áreas dominadas há anos por grupos armados. Mas o desafio permanece: sem políticas públicas consistentes e presença do Estado além da força policial, especialistas alertam que as barreiras podem até cair — mas a disputa pelo território tende a continuar.
