Apresento a vocês, Rio Carta!
Editorial
No Rio de Janeiro, temos a teimosia de pensarmos o mundo, o continente, o país, mas nunca nosso próprio estado. Basta lembrarmos que, se em São Paulo os principais jornais são o Estado de S. Paulo e a Folha de S. Paulo, no Rio temos O Globo e o Jornal do Brasil. A atenção do fluminense divaga entre Brasil e mundo, negligenciando as particularidades da própria terra. Esse paradigma precisa mudar e é nesse contexto que a Rio Carta surge.
Identificamos a escassez de publicações dedicadas ao Rio, voltadas para a análise do desempenho de nossos representantes. Nos propomos a preencher essa lacuna. O nosso compromisso? De um lado, focar nos impactos das decisões políticas nacionais e estaduais no cotidiano do fluminense. De outro, ser um espaço para que os fluminenses defendam seus pontos-de-vista e seus interesses, para o Brasil e o mundo.
A situação econômica do Rio impõe enorme desafios. Com o terceiro maior PIB do país, nossa economia convive com extremas desigualdades. Há prosperidade em áreas como a Barra da Tijuca e Zona Sul, enquanto outras regiões sofrem com a pobreza. Carlos Lessa, respeitado economista carioca, resumia bem a situação: “A economia fluminense é um mar de contrastes”.
Estes contrastes são ainda mais agudos quando consideramos a dependência do Rio em relação ao petróleo. A queda do preço do petróleo e os desdobramentos da Operação Lava Jato geraram perdas expressivas. Segundo a FGV, essa crise resultou na perda de 4,4 milhões de empregos e R$ 42,8 bilhões em impostos no Brasil, entre 2014 e 2017. O Rio de Janeiro foi um dos mais impactados.
Mas, mesmo em meio aos desafios, há setores que resistem e podem ser potenciais alavancas de crescimento. Um deles é o turismo, que representa 8% do PIB estadual. O Rio, com sua beleza natural inigualável, continua a atrair visitantes e possui amplo potencial para desenvolvimento sustentável.
Mas o Rio não é só turismo e petróleo. Se estimulado, nosso estado pode vir a ter o maior complexo industrial de saúde da América Latina, liderado pela Fiocruz. Com a presença de 4 universidades federais – UFRJ, UFF, UFRRJ e UniRio – e duas estaduais – UERJ e UENF – o Rio pode ser também polo de ciência, tecnologia e inovação.
Essa visão mais localizada da política e da economia é essencial para o nosso eleitorado de aproximadamente 12,6 milhões de pessoas. O estado é representado por 70 deputados estaduais, 46 deputados federais, e centenas de vereadores, distribuídos em 92 municípios.
Recordamos as palavras do grande carioca Machado de Assis: “Oh! não há certamente cidade nenhuma no mundo que possa competir com o Rio de Janeiro”. Inspirados por Machado, estamos aqui para valorizar o nosso Rio. Não somente a cidade maravilhosa, mas o estado como um todo, com atenção especial às regiões mais necessitadas.
Os últimos anos foram dramáticos para o fluminense. Governadores presos, grandes projetos cancelados (como a Comperj), crise financeira, violência descontrolada, aumento brutal do desemprego.
Para que tudo possa melhorar, não vemos outra saída que não seja apostar na inteligência, na democracia e na política. Esse é o nosso compromisso!