Diminuição de livrarias no Rio de Janeiro: um reflexo de mudanças no mercado e novas tendências
O cenário das livrarias na cidade do Rio de Janeiro mudou significativamente nos últimos seis anos. Segundo a Associação Estadual de Livrarias do Rio de Janeiro (AEL-RJ), a cidade perdeu 60 livrarias desde 2017, uma redução de 30% no mercado de lojas físicas. Atualmente, o Rio conta com 144 livrarias, contra as 204 que existiam em 2017.
Este declínio foi impulsionado principalmente pela crise de grandes redes como a Saraiva, que entrou em recuperação judicial em 2018 com dívidas de R$ 675 milhões, levando ao fechamento de dez de suas lojas no Rio. Outras marcas tradicionais, como Galileu, Cultura, Travessa e a rede Nobel, também encerraram suas operações.
Apesar desse panorama, houve a inauguração de 26 novas livrarias, principalmente em bairros mais afastados do centro da cidade. Especialistas apontam que a descentralização e diversificação têm sido estratégias eficazes para superar as dificuldades, com livrarias de bairro ganhando força.
Borgópio D’Oliveira, presidente da AEL e dono da Triuno Livraria em Irajá, destaca que o problema não é a ausência de clientes, mas sim a falta de atualização nos modos de gerenciamento dos negócios.
O recente fechamento da Livraria Galileu no Largo do Machado exemplifica outro desafio: a falta de renovação na administração familiar. Muitas livrarias antigas fecharam um ciclo, enquanto as menores ganharam destaque em seus bairros.
Marcus Teles, presidente da Associação Nacional de Livrarias (ANL), observa que a crise econômica seguida pela pandemia da Covid-19 agravou a situação, mas também propiciou o crescimento de livrarias especializadas e de bairro.
Segundo o Anuário Nacional de Livrarias da ANL, o Brasil perdeu apenas 1,8% de suas livrarias em dez anos, enquanto o Rio teve uma queda mais acentuada. São Paulo lidera o ranking de estados com mais livrarias, e o Rio ocupa a quarta posição.
Inovações no setor incluem a combinação de livrarias com outros serviços, como bares e espaços culturais. Ivan Errante, vice-presidente da AEL, exemplifica isso com sua livraria Belle Époque, que também opera como um boteco cultural.
Errante ressalta a importância do contato humano nas livrarias físicas, em contraste com o algoritmo das vendas online, destacando o valor da descoberta e da recomendação personalizada.
Este cenário no Rio de Janeiro reflete uma transformação no mercado livreiro, com a adaptação a novos modelos de negócio e a reafirmação da importância das livrarias enquanto espaços culturais essenciais na sociedade.