Violência letal cresce enquanto furtos de celular disparam
Polícia apreende mais de 100 celulares em hotel no Centro do Rio; ação ocorre em meio a aumento de furtos e avanço da violência letal no estado
A madrugada desta sexta-feira (21) expôs mais um capítulo da escalada da criminalidade no Rio de Janeiro. Mais de 100 celulares e diversos equipamentos eletrônicos foram apreendidos em um hotel da Rua dos Andradas, no Centro da capital. A operação ocorreu depois que dois homens, ao perceberem a aproximação da Polícia Militar, fugiram de uma abordagem e se esconderam no estabelecimento.
Segundo o 5º BPM (Praça da Harmonia), os policiais realizavam patrulhamento na Avenida Presidente Vargas quando avistaram a dupla agindo de forma suspeita. Ao tentar a abordagem, os homens aceleraram o passo e entraram no hotel. Com autorização, os agentes vasculharam o local e localizaram um dos suspeitos em um quarto que deveria estar vazio. Ali estavam 133 celulares, além de um roteador e um notebook. O segundo suspeito foi encontrado escondido em outro cômodo.
Além dos eletrônicos, a PM apreendeu as motos usadas pelos acusados. Os veículos apresentavam sinais claros de adulteração, incluindo placas clonadas. Os dois homens detidos e o gerente do hotel foram levados à 4ª DP (Presidente Vargas), onde o caso foi registrado.
Contexto de insegurança: furtos disparam e mortes violentas crescem 37%
A apreensão dos celulares ocorre justamente quando o Instituto de Segurança Pública (ISP) divulga números preocupantes sobre a violência no estado. Os dados de outubro de 2025 mostram que o Rio voltou a registrar alta significativa em indicadores críticos.
Só no mês passado, foram 426 mortes violentas, contra 310 em outubro de 2024, um crescimento de 37%. O índice engloba homicídios dolosos, latrocínios, lesões corporais seguidas de morte e mortes decorrentes de intervenção policial — uma leitura direta da letalidade que assombra a população fluminense.
Os furtos também avançaram. O furto de celular é hoje o crime que mais atinge o cotidiano dos moradores: 4.035 aparelhos foram levados em outubro deste ano, ante 2.856 no mesmo período de 2024, um salto de 41%. A sensação de vulnerabilidade cresce especialmente porque, em segundos, vítimas têm roubado um bem muitas vezes adquirido por parcelamentos longos.
Outros furtos também aumentaram:
- Furto de bicicletas: 348 casos (alta de 8%)
- Furtos dentro de ônibus: 800 registros (crescimento de 17%)
Operações reforçadas: recorde de armas apreendidas no estado
Apesar do avanço de alguns crimes, o governo do estado destaca resultados históricos no combate ao armamento pesado. Entre janeiro e outubro de 2025, as forças de segurança apreenderam 789 fuzis, o maior número desde o início da série histórica do ISP, em 2007. Em relação ao mesmo período de 2024, quando foram recuperados 642 fuzis, houve aumento de 23%.
O mês de outubro foi especialmente marcante: 196 fuzis foram retirados das mãos de criminosos em apenas 31 dias — uma média de seis armas de guerra por dia.
“O resultado mostra que estamos enfrentando o crime organizado com inteligência, integração e firmeza. Cada arma retirada representa vidas protegidas e o direito de ir e vir resgatado”, afirmou o governador Cláudio Castro.
O balanço também aponta queda expressiva nos crimes contra o patrimônio:
- Roubo de carga: queda de 52,1%, menor índice desde 2010
- Roubo de veículo: redução de 47,2%, menor número para outubro desde 2012
- Roubo de rua: 4.282 registros, menor número desde 2004
Produtividade policial em alta
A diretora-presidente do ISP, Marcela Ortiz, afirma que os resultados do mês reforçam uma política baseada em inteligência e integração das forças. Em dez meses, a polícia somou:
- 35.598 prisões em flagrante (média de 117 por dia)
- 21.408 apreensões de drogas (cerca de 70 por dia)
- 14.279 veículos recuperados
- 5.224 armas tiradas das ruas
Apesar do avanço nessas frentes, especialistas alertam que o aumento dos furtos — especialmente de celulares — mostra que criminosos seguem encontrando oportunidades no cotidiano dos centros urbanos.
Um retrato de contraste na segurança pública
A operação no hotel, com seus mais de 100 celulares apreendidos, ilustra o desafio que as autoridades enfrentam: ao mesmo tempo em que golpes estruturados e redes de receptação se expandem, o estado registra avanços inéditos na retirada de armas de guerra das mãos de facções.
É um cenário de contrastes. De um lado, indicadores de violência letal e crimes patrimoniais pressionam o poder público. De outro, a produtividade policial alcança números históricos. Entre esses extremos, permanece o desafio que mais afeta o cidadão comum: a sensação de segurança ainda distante do ideal, mesmo com operações ostensivas, recordes de apreensões e investigações em andamento.
Com informações de O Dia e Agência Brasil*
