Benetida e Flávio Bolsonaro lideram corrida para o Senado no Rio
Levantamento mostra Flávio Bolsonaro na frente e Benedita logo atrás, em uma disputa simbólica que reflete o embate entre projetos de país
Uma nova fotografia da política fluminense, revelada nesta quarta-feira (29) pela terceira rodada da Pesquisa Gerp, mostra que, enquanto a disputa pelo governo do estado parece se consolidar em torno do prefeito Eduardo Paes (PSD), a verdadeira batalha ideológica se dará pelas duas vagas ao Senado.
O levantamento, que ouviu 1.000 eleitores presencialmente entre os dias 24 e 27 de outubro de 2025, expõe a polarização que define o Brasil. O senador Flávio Bolsonaro (PL), representante do projeto de extrema-direita, lidera com 25% das intenções de voto. Contudo, em uma demonstração de resiliência e força histórica, a deputada Benedita da Silva (PT), ícone da luta popular e da esquerda fluminense, aparece logo atrás, com 20% das menções.
A pesquisa, com margem de erro de 3,16 pontos percentuais, desenha um cenário de luta intensa pelas duas vagas.
A batalha pelo Senado
A disputa pelo Senado é o ponto nevrálgico da eleição fluminense. Se Flávio Bolsonaro (25%) e Benedita da Silva (20%) puxam a fila, eles são seguidos por Alessandro Molon (PSB), com 11%.
O que chama atenção é o desempenho pífio do atual governador Cláudio Castro (PL). Mesmo testado, ele alcança apenas 10%, tecnicamente empatado com Marcelo Crivella (Republicanos), que tem 8%. O número de Castro é considerado modesto e reflete o profundo desgaste de uma gestão marcada por crises, abrindo espaço vital para as candidaturas de oposição.
A força do campo progressista fica ainda mais evidente em cenários alternativos. Sem Flávio Bolsonaro na disputa, é Anielle Franco (PT) quem assume a dianteira, com 15% das intenções de voto, em empate técnico com Cláudio Castro (14%) e Molon (12%). Rogéria Bolsonaro surge com 10%.
Na pergunta sobre o segundo voto para o Senado, a esquerda mostra sua capilaridade: Flávio Bolsonaro (13%) e Anielle Franco (13%) lideram empatados, seguidos de perto por Benedita (11%). Ainda assim, a alta rejeição de 15% que não votaria em nenhum dos nomes testados mostra uma janela de incerteza e a necessidade de diálogo com a população.
Governo: Paes lidera, mas oposição resiste
No cenário para o Palácio Guanabara, Eduardo Paes (PSD) se consolida como favorito, registrando 39% das intenções de voto no cenário principal.
A oposição, no entanto, marca posição. Glauber Braga (PSOL), voz combativa da esquerda no Congresso, aparece com 7%. A direita tradicional e bolsonarista se pulveriza: Dr. Luizinho (PP) e o General Pazuello (PL), ex-ministro da Saúde de triste memória, pontuam 6% cada. Garotinho (sem partido) e Márcio Canela (União Brasil) têm 5% cada. Os demais nomes não passam de 1%.
Com 14% de eleitores afirmando não votar em nenhum candidato e 11% de indecisos, a soma dos adversários de Paes (38%) configura um empate técnico num eventual segundo turno, mostrando que o jogo não está ganho.
Em simulações que testam a força do bolsonarismo, os cenários variam. Quando o ex-ministro Paulo Guedes substitui Pazuello, Paes sobe para 43%, com Guedes (8%), Dr. Luizinho (8%) e Monica Benício (PSOL), com 5% – um cenário onde Paes poderia vencer no primeiro turno.
Contudo, numa terceira simulação incluindo Flávio Bolsonaro, a disputa se acirraria. Paes teria 37% contra 24% do senador, com Glauber Braga mantendo seus 8%, indicando uma provável e polarizada disputa em dois turnos.
Lula se mantém à frente no Rio
A pesquisa Gerp também analisou o termômetro presidencial no estado. Em todos os cenários testados, o presidente Lula (PT) mantém a vantagem sobre o bolsonarismo no Rio de Janeiro.
No primeiro turno, o petista tem 38%, contra 34% de Jair Bolsonaro (PL). Ciro Gomes (PDT) registra 9%, e os demais candidatos não ultrapassam 3%.
Nas simulações de segundo turno, Lula sustenta uma vantagem numérica, ainda que dentro da margem de erro, contra todos os principais nomes da extrema-direita:
- Lula 46% x Jair Bolsonaro 43%
- Lula 47% x Michelle Bolsonaro 42%
- Lula 48% x Flávio Bolsonaro 42%
- Lula 46% x Tarcísio de Freitas 40%
O desempenho de Lula, que registra 46% de aprovação contra 48% de desaprovação no estado, se sustenta principalmente em sua base social histórica: o petista mantém a liderança entre os eleitores de baixa e média renda, entre as mulheres e entre as pessoas acima de 45 anos, segmentos que mais dependem de políticas públicas efetivas.
