Meta encerra programa de checagem de fatos nos EUA e gera preocupação no governo Lula
A empresa Meta, responsável por plataformas como Facebook, Instagram, Threads e WhatsApp, anunciou o fim de seu programa de checagem de fatos nos Estados Unidos, decisão divulgada pelo CEO Mark Zuckerberg na última terça-feira (7). Essa medida, que inicialmente se aplicará apenas nos EUA, tem gerado preocupações no Brasil, especialmente com a aproximação das eleições de 2026.
Autoridades e especialistas brasileiros expressaram temor de que a política possa ser adotada também no Brasil, impactando negativamente o combate à desinformação. Segundo reportagem de Malu Gaspar, do jornal O Globo, membros do Palácio do Planalto e do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) consideram que a nova política representa um retrocesso significativo. Um integrante do Judiciário brasileiro descreveu a situação como “uma realidade distópica”.
A medida da Meta ocorre em um contexto de alinhamento entre a empresa e o presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, que tem histórico de críticas a regulamentações e de disseminação de conteúdo falso. “O Trump nem assumiu a Casa Branca e já botou as garras de fora. O Facebook e o Instagram correm o risco de se tornarem um novo X”, comentou um integrante do governo Lula.
No Brasil, a Meta teve um papel crucial nas últimas eleições, removendo mais de 2 milhões de conteúdos considerados nocivos às suas políticas de violência e discurso de ódio em 2022. No entanto, a eliminação do programa de checagem de fatos nos EUA e a adoção de um modelo baseado em “notas da comunidade” geram desconfiança sobre a eficácia futura da moderação de conteúdo.
João Feres Júnior, cientista político do Iesp-Uerj e diretor do Monitor da Extrema Direita (MED), critica a postura de Zuckerberg, alertando para os riscos de transformação do ambiente digital em um “faroeste digital” no Brasil. “Foi uma briga enorme para o STF e o TSE conseguirem algum tipo de compromisso das big techs. Agora, parece que incentivam ativamente discursos de ódio contra minorias e gêneros”, avaliou Feres.
Especialistas preveem que a mudança na política da Meta pode aumentar a judicialização de casos envolvendo desinformação e propaganda irregular. André Eler, diretor técnico da consultoria Bites, destaca que, sem uma política de moderação efetiva, será necessário maior envolvimento do Judiciário para a remoção de conteúdos criminosos.
Essa possível mudança também levanta dúvidas sobre as regras de impulsionamento de conteúdos nas próximas eleições. Em 2024, a Meta foi a maior fornecedora de serviços de campanhas eleitorais no Brasil, acumulando R$ 195,6 milhões em receitas de candidatos.
A Advocacia-Geral da União (AGU), por meio de sua Procuradoria Nacional da União de Defesa da Democracia, pode ser acionada com mais frequência para combater a disseminação de fake news, enquanto o Ministério Público Federal (MPF) deu 30 dias para que a Meta esclareça se sua nova política será implementada no Brasil e quando, uma decisão que pode impactar diretamente as medidas de combate à desinformação nas eleições de 2026.
Com informações do Brasil 247