OMS alerta para desigualdades no acesso a tratamento no dia mundial de combate à Aids
No Dia Mundial de Combate à Aids, celebrado em 1 de dezembro, a Organização Mundial de Saúde (OMS) fez um apelo aos líderes mundiais e cidadãos para defenderem o direito à saúde e corrigirem as desigualdades que bloqueiam o progresso na erradicação da doença.
O lema deste ano, “Vamos seguir o caminho dos direitos: A minha saúde, o meu direito”, reflete o objetivo da OMS de eliminar a Aids como uma ameaça à saúde pública até 2030.
Winnie Byanyima, diretora executiva do Programa Conjunto das Nações Unidas sobre o HIV/Aids (ONUSIDA), destacou em seu pronunciamento que, apesar dos avanços significativos no combate ao HIV, as violações dos direitos humanos ainda são um grande obstáculo para superar a pandemia.
Byanyima citou a limitação no acesso das mulheres à educação, a impunidade nos casos de violência de gênero e as restrições à livre expressão de identidade como exemplos dessas barreiras.
O relatório mais recente da ONUSIDA revela que dos 39,9 milhões de pessoas vivendo com HIV no mundo, 9,3 milhões ainda não têm acesso a tratamentos salvadores de vidas.
Em 2022, 630 mil pessoas morreram de doenças relacionadas com a Aids e 1,3 milhão foram infectadas pelo HIV. Além disso, registrou-se um aumento no número de novas infecções em pelo menos 28 países.
O relatório também expõe uma realidade alarmante entre as mulheres jovens, com 570 novas infecções diárias entre aquelas de 15 a 24 anos, e em 22 países da África Oriental e Austral, essas mulheres têm três vezes mais probabilidade de contrair o vírus do que os homens da mesma faixa etária.
A criminalização e estigmatização das comunidades marginalizadas, incluindo a continuação da criminalização das relações homossexuais em 63 países, são destacadas como sérias barreiras ao acesso a serviços adequados de saúde.
A OMS enfatiza que, apesar dos avanços científicos, como os medicamentos de ação prolongada que necessitam de administração apenas algumas vezes ao ano, a distribuição global e a redução de custos são cruciais para o acesso universal. Especialistas apontam que a partilha de tecnologia é essencial para alcançar esses objetivos.
Paralelamente, a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) lançou a campanha “Melhor com a PrEP” na América Latina e no Caribe, visando aumentar o acesso à Profilaxia Pré-Exposição (PrEP) e a conscientização sobre sua eficácia na prevenção do HIV.
Até o fim do ano, 24 dos 33 países da região já haviam adotado a PrEP como política de saúde pública, beneficiando mais de 160 mil pessoas, com o objetivo de expandir para 2,3 milhões de usuários.
Dr. Jarbas Barbosa, diretor da OPAS, reforçou a importância de políticas de saúde inclusivas e ampliadas para transformar a realidade do HIV na região. “A eliminação do HIV é possível, mas somente se agirmos com coragem e compromisso”, afirmou Barbosa, destacando a necessidade de ações concretas para superar as barreiras atuais.