Anielle Franco quebra o silêncio sobre caso de assédio envolvendo Silvio Almeida

A ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, em entrevista concedida à revista Veja, abordou pela primeira vez o incidente de assédio envolvendo o ex-ministro dos Direitos Humanos, Silvio Almeida.

Durante a conversa, Anielle descreveu o ocorrido como um crime de importunação sexual, um relato que marca sua primeira declaração pública sobre o caso.

“Fui vítima de importunação sexual. Precisamos reforçar isso para evitar que mulheres continuem sendo vítimas desse tipo de agressão. Não podemos normalizar uma situação como essa, independentemente de quem a pratique”, afirmou Anielle Franco.

Ela optou por não detalhar os episódios específicos de assédio para não comprometer as investigações em andamento.

Os eventos descritos pela ministra começaram em dezembro de 2022, durante o período de transição do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Anielle relatou que, inicialmente, não percebeu as atitudes de Almeida como assédio.

“Por um tempo, quis acreditar que estava enganada, que não era real, até que a realidade do que estava acontecendo realmente me atingiu”, disse. Este período de incerteza contribuiu para uma experiência profundamente perturbadora, afetando seu bem-estar emocional e sua capacidade de se concentrar no trabalho.

Além de compartilhar sua experiência pessoal, Anielle Franco destacou as iniciativas do governo federal para combater o assédio sexual, mencionando a criação de um programa específico para prevenir e enfrentar o assédio e a discriminação.

“Também temos um grupo de trabalho que está tratando exclusivamente desse problema na administração pública. É um esforço que busca medidas concretas de transformação”, explicou.

O caso veio à tona no início de setembro após divulgações feitas pela organização não governamental Me Too, resultando na demissão de Silvio Almeida do cargo de ministro. Almeida tem negado veementemente todas as acusações.

Esta situação reitera a importância da discussão sobre o assédio sexual nas esferas mais altas do poder, evidenciando desafios contínuos na luta pela segurança e equidade de gênero no ambiente de trabalho.