Tesouro nacional revisa metas de financiamento e aumenta participação de títulos atrelados à Selic

O Tesouro Nacional anunciou nesta quarta-feira (4) uma revisão nas metas do Plano Anual de Financiamento (PAF) para 2024, elevando a participação de títulos públicos atrelados à taxa Selic na composição da dívida pública federal.

A medida reflete o aumento da demanda por esses papéis, considerados de menor risco, diante das incertezas sobre a política monetária dos Estados Unidos.

Os novos limites estabelecidos para os títulos vinculados à Selic foram ajustados para uma faixa entre 43% e 47%, acima da meta anterior de 40% a 44%, fixada em janeiro.

Por outro lado, a participação de títulos atrelados à inflação foi reduzida de 27% a 31% para 25% a 29%, e os títulos prefixados passaram de 24% a 28% para 22% a 26%.

Os limites para os títulos cambiais, entre 3% e 7%, permanecem inalterados, assim como as metas para o prazo médio da dívida pública federal (entre 3,8 e 4,2 anos) e o percentual de títulos a vencer nos próximos 12 meses (17% a 21%).

Segundo o Tesouro, as mudanças são uma resposta às condições atuais de mercado, sem provocar pressão adicional sobre os preços dos títulos. “Os novos limites de referência do PAF 2024 possibilitam uma estratégia mais alinhada às condições de mercado”, afirmou a instituição em nota.

Dados divulgados recentemente mostram que a dívida pública federal aumentou 1,02% em julho, atingindo R$ 7,140 trilhões.

No mesmo mês, a fatia de títulos remunerados pela Selic alcançou 44,95%, superando o teto anterior de 44%, enquanto a participação de papéis prefixados ficou abaixo do limite mínimo, em 21,33%.

O Tesouro justificou a maior procura por títulos indexados à Selic devido às incertezas nos mercados emergentes, agravadas pelas expectativas em torno da política monetária dos EUA.

“Esses fatores impactaram a curva de juros e a demanda pelos títulos do Tesouro Nacional, com investidores buscando ativos de menor risco”, destacou a pasta.

Além disso, o Tesouro explicou que fatores tributários e mudanças no comportamento dos agentes econômicos levaram a uma atuação mais cautelosa em relação aos títulos atrelados à inflação.

O órgão também informou que o colchão de liquidez para a gestão da dívida continua em nível seguro, sendo suficiente para cobrir 7,97 meses de vencimentos.