Governo deverá revisar para cima projeção de crescimento econômico de 2024

O desempenho da economia brasileira no primeiro semestre de 2024, que superou as expectativas, deverá levar o governo a revisar a previsão oficial de crescimento para o ano, atualmente fixada em 2,5%.

Membros da equipe econômica indicaram que a nova projeção deve ficar acima de 2,7% ou 2,8%, com alguns estimando um crescimento próximo a 3%.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que a revisão oficial, prevista para ser divulgada em setembro, provavelmente refletirá essa perspectiva otimista. Simone Tebet, ministra do Planejamento, também mencionou que o crescimento pode chegar a 3%.

A Secretaria de Política Econômica (SPE) do Ministério da Fazenda espera um desempenho similar ao de 2023, quando a economia cresceu 2,9%.

Dados divulgados nesta terça-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revelaram que o PIB cresceu 1,4% no segundo trimestre em relação ao trimestre anterior, superando a expectativa de alta de 0,9% indicada em pesquisa da Reuters.

Em entrevista, Haddad destacou que o crescimento acima do esperado pode resultar em uma revisão positiva na arrecadação tributária, mas expressou preocupação com possíveis pressões inflacionárias. Ele ressaltou a importância de aumentar os investimentos para garantir um crescimento sustentável sem gerar inflação.

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central se reunirá em setembro para revisar a taxa básica de juros, atualmente em 10,50% ao ano. O BC já sinalizou que poderá aumentar a Selic se necessário para alcançar a meta de inflação de 3%.

Em nota técnica, a Secretaria de Política Econômica avaliou que o crescimento econômico deve continuar em ritmo acelerado, mas apontou incertezas, principalmente em relação à política monetária do Banco Central, que pode impactar negativamente a recuperação do mercado de crédito.

A SPE acredita que o crescimento será impulsionado pelo mercado de trabalho aquecido e melhores condições de crédito em comparação com 2023.

A expansão esperada para setores cíclicos e a absorção doméstica deverão impulsionar o crescimento, embora possam ser parcialmente compensadas por uma desaceleração na atividade agropecuária, na produção extrativa e pela menor contribuição do setor externo.

A SPE também mencionou que os impactos negativos das chuvas no Rio Grande do Sul foram parcialmente mitigados por políticas de apoio.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva destacou em uma publicação na rede social Threads que o crescimento do trimestre “se soma ao aumento dos empregos, ao consumo das famílias e à melhora da qualidade de vida”.