Clube Militar fica em silêncio diante da investigação sobre militares no golpe de Bolsonaro
O Clube Militar, reconhecido por sua rapidez em emitir posicionamentos e servir como porta-voz dos oficiais em atividade, optou por manter o silêncio diante das investigações envolvendo membros das Forças Armadas em planos para um golpe de Estado, conduzidas pela Polícia Federal.
Sob condição de anonimato, diretores do Clube Militar citaram diversos motivos para justificar a postura de silêncio, mesmo diante do que consideram arbitrariedades por parte do Supremo Tribunal Federal (STF) contra oficiais do Exército.
Entre os motivos apontados estão as incertezas sobre o impacto das mensagens do ex-ministro e general Walter Braga Netto contra os chefes militares, bem como o parentesco do presidente do Clube Militar com um ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) envolvido nas investigações.
O general Sérgio Tavares Carneiro, atual presidente do Clube Militar, é pai de Victor Carneiro, que sucedeu Alexandre Ramagem na direção da Abin e foi mencionado pelo ex-ministro e general Augusto Heleno em um plano para infiltrar agentes do órgão nas campanhas de adversários de Jair Bolsonaro na eleição de 2022.
Apesar dos questionamentos, Sérgio Carneiro não se pronunciou sobre o assunto quando procurado pela imprensa.
A maioria dos oficiais da reserva sócios do Clube Militar, embora tenha críticas à operação da Polícia Federal, optou por não se manifestar sobre a investigação e seus impactos nas Forças Armadas.
Uma nota falsa circulou nas redes sociais, atribuída aos presidentes dos clubes, sugerindo uma postura mais incisiva contra o Poder Judiciário.
No entanto, os presidentes dos clubes emitiram uma nota oficial esclarecendo que se tratava de uma fake news.
A manifestação mais crítica partiu do senador e general Hamilton Mourão, que conclamou os comandantes das Forças Armadas a não se omitirem diante do que chamou de “condução arbitrária de processos ilegais” contra os militares.
Após a repercussão, Mourão divulgou uma nota reiterando seu compromisso com a legalidade.
O Clube Militar, uma associação composta por oficiais da reserva, tem sido um fórum para discussões sobre os principais temas nacionais.
No entanto, sua relevância política tem sido questionada ao longo dos anos pelo Comando do Exército, que busca reduzir seu papel nesse aspecto.
A presidência do Clube Militar foi historicamente associada ao prestígio político e institucional dos generais eleitos para o cargo.
No entanto, recentemente houve um rebaixamento da patente dos generais eleitos para a presidência da associação, o que sugere uma tentativa de reduzir sua importância política para as Forças Armadas.
Com informações da Folha